O Jornal da Economia Digital vem abordando temáticas relacionadas ao mercado de trabalho na área de TI – primeiramente trazendo dados sobre o porquê não conseguimos atender à demanda esperada apesar de termos uma quantidade expressiva de cursos superiores na área, o que foi retratado no post “Evasão no ensino superior em TI e Exatas: por que é tão alta?”.
Em seguida, mostramos que, apesar do crescimento da representatividade das mulheres nos cursos de TI estar aumentando em número absolutos e em números relativos, a proporção ainda é baixa (19%): “Mulheres ainda são minoria no mercado de TI”.
Neste post, vamos retratar algumas iniciativas alternativas que atacam os problemas citados anteriormente a partir da formação de pessoas que buscam uma transição de carreira para a área de TI no ecossistema do Porto Digital.
A primeira iniciativa é o Programa de Formação Acelerada em Programação (FAP) conduzido pelo Softex Pernambuco com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O programa foi ofertado na modalidade híbrida com atividades em EaD e presenciais, totalizando 276 horas de instrução. A formação inclui aspectos teóricos e práticos, com enfoque em desenvolvimento Front End e em Back End. A primeira turma do FAP teve em torno de 8 mil inscritos, dos quais 454 foram selecionados. Destes, 45 ainda estão cursando e 210 pessoas já concluíram o curso, com 150 já empregados – o que representa uma taxa de 71,4% de empregabilidade dentre os concluintes e de 33% em relação aos ingressantes. Esses números são impactantes e representam uma iniciativa interessante para inserção em carreiras de tecnologia – mesmo com taxa de evasão de aproximadamente 44%, o índice é bem inferior às taxas observadas nos cursos de graduação em computação, que são superiores a 60%.
A segunda iniciativa a ser destacada é o Empregaço, uma ação do Núcleo de Gestão do Porto Digital realizada com empresas embarcadas no ecossistema de inovação. O objetivo é proporcionar uma jornada intensiva de empregabilidade na área de TI. Na última edição do Empregaço, realizada com a NTT DATA, a sexta maior empresa de serviços de TI do mundo, 1500 pessoas se cadastraram para participar e 150 foram selecionadas para uma jornada de dois dias de entrevistas e atividades, culminando em 54 contratações, sendo 30% mulheres.
Uma terceira iniciativa é o programa “Nova Experiência de Trabalho (NExT)”, da CESAR School, um programa de formação acelerada voltado para pessoas interessadas em realizar uma transição de carreira para a área de desenvolvimento de software. Esse é também um programa que contém conteúdos teóricos e práticos, conectados com a realidade de empresas do ecossistema do Porto Digital, representando uma oportunidade de desempenhar, desde o início do curso, atividades relacionadas a projetos reais de empresas, facilitando a empregabilidade após o programa.
Outro exemplo é o CodeClass, da Qualiti, empresa embarcada no Porto Digital, com um modelo de educação patrocinada – ou seja, onde a pessoa estudante participa do curso gratuitamente e, ao fim do período de formação, participa de um processo seletiva para trabalhar em empresas patrocinadoras. Com a ideia de ser uma experiência voltada para quem não tem conhecimento prévio necessariamente na área de TI, o CodeClass tem taxa de empregabilidade de 86% em até três meses depois da formatura em empresas como a Accenture, Ferreira Costa, Avanade, Pitang e Liferay.
Uma outra iniciativa voltada, especificamente para o público feminino, é o Programa Tech M.I.N.As, uma realização conjunta da WoMakersCode com o Porto Digital no contexto do Programa M.I.N.As, cujo objetivo é prover formação técnica na área de ciência de dados e mentoria de carreira com foco na empregabilidade no mercado de TI.
O público alvo do programa é composto por mulheres cis ou trans, maiores de 18 anos, residentes em Pernambuco e que sejam estudantes ou formadas em cursos STEM – ciências, tecnologia, engenharia ou matemática. As aulas são 100% remotas e gratuitas e ocorrem por um período de 22 semanas, totalizando 250 horas de formação.
A primeira turma está em andamento com 50 mulheres, dentre as quais 68% estão cursando faculdade, 60% estão desempregadas e sem experiência profissional, 44% se autodeclaram pretas ou pardas e 44% têm renda familiar de até dois salários mínimos. Ou seja, é um programa que tem como intuito não só trazer mulheres para a área de tecnologia, mas ampliar a diversidade também – fator essencial para termos mais e melhores ambientes de inovação.
Você já pensou em fazer transição de carreira e está buscando caminhos para entrar na área de TI? Quais são as suas expectativas? O que você gostaria de comentar?
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