A atenção à saúde mental entrou na agenda do setor produtivo. A presença cada vez maior de ocorrências ligadas ao tema no quadro de profissionais passou a ser uma das maiores preocupações recentes nas empresas. Casos de depressão, crises de ansiedade e outros transtornos reduzem a qualidade de vida e a capacidade desses trabalhadores. Dessa realidade surgiu o Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 264 milhões de pessoas sofram de depressão e ansiedade, causando uma perda de US$ 1 trilhão na economia mundial todo ano. Também segundo a OMS, para cada US$ 1 investido em ações que promovem melhorias na saúde e bem-estar mental dos colaboradores, US$ 4 são ganhos com o aumento da produtividade.

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No Brasil, uma em cada cinco pessoas sofre com a síndrome do burnout, esgotamento emocional causado pelo excesso de trabalho, segundo estudo da Gattaz Health & Results junto ao Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq – USP).

Setor tech e a atenção à saúde mental

A preocupação é ainda maior em empresas como as do setor de tecnologia e inovação, onde o capital humano interfere sensivelmente nas atividades e negócios. Contando com esse cenário, algumas empresas embarcadas no Porto Digital se destacam no posicionamento em prol do cuidado emocional dos seus colaboradores.

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Um exemplo é a Pitang, criada no Recife em 2004. Com quase 400 colaboradores, a empresa atua desenvolvendo soluções em TIC e, meses antes da pandemia, firmou parceria com a Moodar – uma RH Tech embarcada no Porto Digital -, que oferece uma plataforma de desenvolvimento da saúde emocional.

“Numa empresa como a Pitang, que não atua com maquinários e sim com gente, cada profissional precisa estar motivado, com a saúde física e mental em dia, para desenvolver o máximo do potencial. Quando a pandemia veio, nós já tínhamos esse trabalho com a Moodar e foi muito benéfico contar com esse acompanhamento”, explica Antônio Valença, diretor-presidente da Pitang.

Desde 2019, a Moodar atua junto aos recursos humanos de outras empresas para promover um ambiente psicologicamente seguro para trabalhadores. Ela oferece programas que englobam desde o atendimento psicológico virtual, até treinamentos em inteligência emocional para as lideranças, palestras sobre ansiedade, entre outras ações. 

E cada ação que é sugerida leva em consideração as necessidades latentes da organização. Os programas de formação abrangem a empresa como um todo – do líder ao liderado – e promovem saúde emocional e redução do risco de burnout, tema que permeia boa parte dos profissionais e se reflete na produtividade.

Através de pesquisas, a HR Tech mapeia e investiga a saúde da organização, com um sistema que cria mapas de calor de comportamentos e competências, compara diferentes recortes da empresa e investiga questões relacionadas a risco de ansiedade.

Cuidados no cotidiano

Um modelo inovador de acompanhamento do bem estar laboral ocorre na Izi Spaces, empresa do Porto Digital que oferece espaços de trabalho flexíveis. “Como um ambiente empresarial inovador, temos uma gestão focada na felicidade e bem-estar de profissionais e colaboradores das empresas que alugam escritórios e espaços de trabalho em nosso empreendimento. Para aperfeiçoar isso, fizemos recentemente uma parceria com a Moodar e vamos compartilhar esses dados com as empresas, para que essas possam também trabalhar internamente a melhoria dos seus times”, comenta Gustavo Giese, CEO da Izi Spaces.

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Outro caso de atenção à saúde mental no ambiente profissional vem da Procenge, embarcada que atua com gestão empresarial. Cíntia Fonseca, gerente de Gestão de Pessoas da empresa, revela quais as iniciativas.  “Oferecemos suporte psicológico através da psicoterapia e promovemos encontros para debatermos temas importantes relacionados à saúde e bem-estar, como ansiedade, depressão, relações tóxicas, burnout, entre outros assuntos”. 

Além das questões de trabalho, temas como vida pessoal e desafios do cotidiano podem ser tratados na empresa. “Temos um canal aberto para os colaboradores tratarem de assuntos mais pessoais, onde cada indivíduo sinta-se à vontade para compartilhar suas necessidades e se sentir vista e acolhida”, completa Cíntia Fonseca.

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A relação entre líder e pessoa liderada também rebate na atenção à saúde mental. Empresas como a Neurotech – outra embarcada do Porto Digital – promovem ações com foco nesse elo. “Um dos nossos valores organizacionais é o relacionamento que aproxime a liderança dos colaboradores. Para isso, incentivamos a realização de conversas individuais periódicas entre líder e liderado. Outra ação é a avaliação interna da liderança pelos liderados, garantindo equidade no modelo de avaliação de desempenho”, contou Ketty Sanches, diretora de Gente e Cultura da Neurotech.

Rodrigo Coutinho é jornalista e editor do Jornal Digital

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