Pernambuco segue com mais saudade na história após a morte do artista e poeta J. Borges, que faleceu nesta sexta-feira (26), aos 88 anos. Ícone da xilogravura, José Francisco Borges, como foi batizado, foi referência no que fazia e deixa filhos e centenas de discípulos que propagam a arte que faz parte da história do estado. Segundo a família, a morte foi por causas naturais.

J. Borges deixa legado de cultura e pertencimento ao Nordeste (Imagem: Xirumba/Divulgação)

Nascido na zona rural de Bezerros, Agreste pernambucano, J. Borges produziu 314 folhetos de cordel e incontáveis xilogravuras que perpetuaram em todo o Brasil. E mais – foram expostas em diversos museus como o Louvre, na França, o de Arte Popular do Novo México, em Santa Fé (EUA), o de Arte Moderna de Nova York e a biblioteca do Congresso norte-americano, em Washington.

A primeira delas, foi uma igrejinha, primeiro esculpida em madeira e depois impressa no papel. A arte chegou primeiro em sua vida por meio das histórias que escrevia. Depois, começou na xilogravura para ilustrar seus versos. O compilado de tanto talento registrava principalmente narrativas nordestinas. Para o Jornal Nacional, o artista contou que a inspiração partia do que tocava “no sentimento do povo”.

Ao longo de sua trajetória, J. Borges ganhou vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

As capas de livros de escritores como Eduardo Galeano e José Saramago também ganharam as artes de J. Borges. O desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018, foi inspirado nele. Não à toa recebeu o título de Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco em 2005.

Recentemente, um quadro de J. Borges foi entregue pelo presidente Lula ao Papa Francisco, em visita ao Vaticano. A obra “Jesus, Maria e José. A Sagrada Família” tem 96 centímetros de altura e 66 de largura.

No Rio de Janeiro, mais precisamente no Museu do Pontal, ainda há a possibilidade de admirar as obras de J. Borges que estão em exposição. “O Sol do Sertão” fica à mostra até o dia 25 de março de 2025.

“Segundo o curador e diretor-executivo da exposição, Lucas Van de Beuque, o museu fez uma longa pesquisa em cima dos acervos e coleções do artista espalhados no Brasil. Para fazer a pesquisa, os curadores foram à casa e ao ateliê de J.Borges, na cidade de Bezerros (PE), onde o artista nasceu no dia 20 de dezembro de 1935. Também foram usados livros e biografias que foram escritos sobre o artista”, traz a Istoé.

Agora, fica o legado de cultura e pertencimento ao Nordeste por quem dedicou a vida à arte.

J. Borges será velado nesta sexta (26), às 13h, no Centro Artesanal de Pernambuco, em Bezerros, próximo localizado na Rodovia Luiz Gonzaga, a BR-232, e sepultado às 15h de sábado (27), no Cemitério Parque dos Eucaliptos.

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