“As vivências e os desafios que traçam a vida de cada pessoa” foram os temas do encontro que reuniu a diretora executiva do Porto Digital, Mariana Pincovsky, a autora, diretora, produtora e apresentadora Regina Casé, a ativista e comunicadora indígena, Alice Pataxó, a cantora e compositora Joyce Alane e a professora associada e vice-diretora da Universidade Federal de Pernambuco, Antonella Galindo. O bate-papo aconteceu na manhã desta quarta-feira (6), no primeiro dia do REC’n’Play 2024. O evento segue com mais de 700 atividades até o sábado (9).
Todas tiveram momentos para compartilhar suas reflexões sobre os futuros possíveis, a partir da visão da diversidade. A mesa de mulheres compartilhou suas perspectivas únicas explorando como a humanidade poderá moldar o futuro coletivo.
Na oportunidade que teve, Regina Casé abordou a importância da intencionalidade na diversidade. Ela defendeu que tende “a acreditar que quem tem intencionalidade na diversidade traz quem não se compreende”: “Aquele que não é da sua religião, da sua etnia. Eu ouso dizer que amar quem é parecido com a gente é moleza. Amar quem você acha esquisito, feio ou estranha por não conhecer, aí é uma qualidade de amor que pode transformar sua vida.”
A artista enfatizou a necessidade de “derrubar o véu do medo”. “Quando se liberta do preconceito é uma liberdade e alegria que espero que todo mundo tenha na vida”, disse.
Quem enfrenta a realidade do “estranho” é Alice Pataxó. Nesse caso, no lugar da estranheza, já que não se enquadra no perfil privilegiado da sociedade. Ela, da tribo que leva em seu nome, defende o que chama de comunicação indígena. Ainda que tenha 170 mil seguidores no Instagram, afirma que sua fala é direcionada para os povos indígenas, e não para a grande massa.
“Eu demorei a entender o caminho que estava trilhando porque comecei querendo falar sobre política com meus amigos, isso furou a bolha, mas sempre entendendo que embora eu conecte realidades, falo para indígenas”, explicou.
Alice prosseguiu afirmando que a virada de chave da sua vida aconteceu quando tomou para si a compreensão de que o “número 1” de sua audiência são os próprios indígenas: “São as pessoas que fazem as mudanças nos lugares que eu piso todos os dias. Precisamos construir uma conversa onde falamos com nós mesmos para fortalecer o que estamos construindo.”
Joyce Alane, de 26 anos, contou que procura exercer a diversidade no próprio trabalho, já que nem sempre teve acesso à música. Na infância, por exemplo, precisou passar por aulas de violino para chegar o mais perto possível da musicalidade. Agora com acesso, tenta agregar o máximo de pessoas diversas para a própria banda e conta que o músico de maior idade do seu grupo tem cerca de 60 anos.
“A música transforma vidas e humaniza as pessoas. É essencial principalmente para o mundo que estamos vivendo. Ter pessoas diversas por perto faz com que a gente aprenda, troque e seja melhor ensinando e aprendendo. Essa é uma forma prática de viver a diversidade”, conta.
Já Antonella falou da importância das políticas anti discriminatórias para que as pessoas e comunidades possam, enfim, serem incluídas. “Na universidade, por exemplo, têm cotas raciais, para escolas públicas… É um debate sempre aberto, mas, a princípio, o que a gente chama de políticas afirmativas tem a ver com isso. O Direito tem o papel de normatizar essas regulações para que sejam inclusivas”, explicou.
Uma dessas políticas – dessa vez no âmbito da Educação – foi apresentada por Mariana. Ela trouxe à tona o Embarque Digital, um dos principais programas do Porto Digital que visa formar mais estudantes na área da tecnologia para diminuir o gap de profissionais na cidade do Recife.
Os alunos são selecionados por meio da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou do Sistema Seriado de Avaliação (SSA), mas devem obrigatoriamente ser egressos da rede pública e moradores da capital pernambucana. Eles são direcionados para um curso de dois anos e meio em uma das seis instituições de ensino superior parceiras, mais precisamente para cursar Sistemas para Internet e Análise ou Desenvolvimento de Sistemas.
“Falar sobre intencionalidade na diversidade é assumir um compromisso com a sociedade e assumir o desafio de criar um mundo mais coletivo. Quando criamos políticas e iniciativas pensando nas várias identidades que compõem nossa sociedade, nós ampliamos o impacto positivo e a inovação. Diversidade intencional é a força que transforma ideias em soluções reais para todos. E isso é um caminho que demanda coragem, empatia e a constante vontade de aprender e evoluir.”
REC’n’Play — O Futuro Nos Conecta
A edição deste ano do festival terá como tema “O Futuro Nos Conecta”, com uma programação que inclui palcos para apresentações culturais, além de outras atrações como a “Arena de Negócios”, “Arena Gamer”, palestras, oficinas e aulões preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), “Arena de Robôs” e “Polo Infantil”. Para ter acesso às atividades, é necessário o Passaporte REC’n’Play, que pode ser adquirido gratuitamente pelo site https://recnplay.pe. A inscrição, válida para toda a programação, é gratuita e pode ser feita até o último dia do evento.
O REC’n’Play 2024 é realizado pelo Porto Digital, Ampla Comunicação e Sebrae Pernambuco.
O REC’n’Play 2024 é apresentado pelo Banco do Brasil, com parceria de conteúdo da Globo, patrocínio premium da Prefeitura da Cidade do Recife e Governo do Estado de Pernambuco. A parceria estratégica é feita pela ADEPE, EMPETUR, FUNDARPE, Secretaria da Cultura do Estado de Pernambuco, Recentro e Fundação de Cultura Cidade do Recife. Com patrocínio da SERPRO, Petrobras, FINEP, Governo Federal, Solar Coca-Cola, Jalan, CONFEA, CREA-PE, Mutua PE, Suape, Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fecomércio PE, Algar Telecom, Grupo Moura, Mondelez, Shopping Recife, Deloitte, NNT DATA, CESAR School, Rede Munda Mundo, ABA, Ambev e UNIAESO. Os parceiros de mídia são: Zygon, VideoPorto, Bandeirantes Mídia OOH, RZK Digital, TREND, Onomatopéia, Music FM, Lift Mídia, Jovem Pan, Eletromídia, Hits FM, Nova Brasil FM.
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