Um dos maiores compositores da música brasileira, o pernambucano Capiba (1904–1997) passa a contar oficialmente, a partir desta quinta-feira (10), com um instituto dedicado exclusivamente à preservação, difusão e valorização de sua obra. O lançamento do Instituto Capiba — IC acontece no edifício que leva seu nome, a sede do Banco do Brasil na Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, local onde o próprio artista trabalhou por décadas enquanto compunha algumas das mais emblemáticas canções da música brasileira. 

Capiba ganha instituto dedicado à preservação de sua obra no Bairro do Recife (Imagem: Arquivo Capiba)

Responsável por uma produção que transita entre o frevo, maracatu, valsa, samba, baião, ciranda, música erudita e tantos outros gêneros, Lourenço da Fonseca Barbosa — o Capiba — tem agora seu legado institucionalizado por um time multidisciplinar que reúne musicólogos, restauradores, antropólogos, advogados e produtores culturais.

O instituto nasce com a missão de conservar um acervo imenso, composto por mais de 11 mil partituras, 4 mil fotografias, objetos pessoais, discos, livros, recortes de jornais, além do piano C. Bechstein com o qual Capiba compôs boa parte de sua obra.

“Capiba merece todas essas homenagens. Ele fez muito pela música de Pernambuco”, afirma Zezita Barbosa, viúva do compositor e presidente do Instituto, que há anos guarda o acervo original na cidade natal de Capiba, Surubim.

A criação do IC também marca o início de uma série de ações comemorativas pelos 120 anos de nascimento do artista, a serem celebrados durante todo o ano de 2025. Entre as primeiras iniciativas está o lançamento de um site com partituras digitalizadas, a realização de atividades educativas e culturais, além da abertura gradual do acervo ao público.

Para Amaro Filho, diretor executivo do Instituto, o momento é de virada histórica. “A preservação do acervo e a difusão da obra de Capiba ganham, com o Instituto, um novo fôlego institucional. Queremos garantir que as novas gerações conheçam e se conectem com esse legado fundamental para a música brasileira”, diz. “Vamos ter a sede em Surubim, e também representação no Recife onde Capiba teve uma produção profícua”, afirma Amaro Filho.

Capiba foi gravado por artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Elza Soares, Maria Bethânia, João Bosco, Ney Matogrosso, Alceu Valença, Luiz Gonzaga e Lia de Itamaracá, entre mais de 170 intérpretes. Sua trajetória atravessa a história da música brasileira no século 20 com uma obra de sofisticação melódica e apelo popular raramente combinados.

O evento de lançamento é restrito a convidados e acontece a partir das 16h, no Ponto BB — modelo de agência do Banco do Brasil que une atendimento presencial, inovação tecnológica, cultura e espaços colaborativos para impulsionar a economia local, instalado no Edifício Capiba.

A escolha do local reforça o vínculo afetivo entre o artista e a instituição onde trabalhou como escriturário e se tornou figura lendária, tanto pelo talento quanto pelo carisma. A solenidade de lançamento terá apresentações musicais de grupos convidados interpretando clássicos de Capiba, declamação de poemas inspirados em sua obra e uma exposição de imagens digitais.

Mais informações em https://projetocapiba.com.br e no Instagram @projetocapibaoficial. 

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