A partir desta segunda-feira (3), a cena tecnológica caruaruense passa a viver um novo capítulo. Esse cenário se constrói a partir da recente parceria firmada entre o Porto Digital, um dos maiores parques tecnológicos do Brasil, e a Tapioca Valley, associação que reúne as principais empresas de base tecnológica do Agreste pernambucano. A cooperação promete impulsionar o desenvolvimento do setor de inovação e consolidar o interior como um polo de referência em tecnologia da informação. 

Porto Digital e Tapioca Valley firmam parceria e projetam nova fase para o ecossistema de inovação em Caruaru

Um dos representantes dessa articulação é o presidente da Tapioca Valley e CEO da COMEIA, Rafael Soares. Natural de Caruaru, Rafael construiu sua trajetória profissional no Recife, onde trabalhou por mais de uma década em grandes instituições tecnológicas como a Stefanini. Ainda jovem, ele testemunhou de perto o impacto do Porto Digital na capital pernambucana — e começou a sonhar em ver algo semelhante surgir em sua cidade natal.

“Eu sempre olhava o Porto Digital e pensava: Caruaru poderia ter um ecossistema como esse”, relembra Rafael. “Mas era um sonho distante, porque não havia nenhuma iniciativa próxima disso.”, destaca o empresário.

Da ideia ao movimento

Foi dessa inquietação que nasceu, entre 2013 e 2016, o movimento Tapioca Valley — um grupo de profissionais, professores e estudantes que enxergavam potencial em Caruaru para se tornar um polo de tecnologia. Inspirados no Porto Digital, o grupo se reunia para discutir caminhos e possibilidades. O que começou como um encontro informal de ideias acabou se transformando, anos depois, em uma das principais iniciativas de inovação do interior pernambucano.

Paralelamente, Rafael fundou a COMEIA, empresa de tecnologia que iniciou suas atividades no Armazém da Criatividade, braço do Porto Digital em Caruaru, criado em 2015. “Eu pedi demissão da Stefanini e vim pra Caruaru acreditando que o ecossistema ia deslanchar. Foi um salto no escuro”, conta.

Apesar das dificuldades iniciais, Rafael decidiu permanecer e construir seu próprio negócio. Hoje, a COMEIA emprega dezenas de profissionais e atende clientes em todo o país, consolidando-se como uma das empresas líderes do setor na região.

Do movimento à associação

A maturidade do ecossistema levou à formalização da Tapioca Valley como associação sem fins lucrativos, reunindo atualmente 10 empresas, entre elas COMEIA, Softmakers, FBR Digital, Fortes Tecnologia e Lumos Academy. Juntas, elas somam mais de 230 colaboradores e um faturamento anual que ultrapassa R$ 25 milhões, com uma taxa média de crescimento de 30% ao ano.

“A gente percebeu que todas aquelas empresas que começaram lá atrás, cresceram. Hoje, elas são negócios sólidos e decidiram se unir para fortalecer o ecossistema e apoiar novos empreendedores”, explica Rafael. A missão, segundo ele, é clara: reter talentos, fomentar negócios e impulsionar o desenvolvimento regional.

A parceria com o Porto Digital

A nova fase dessa trajetória se consolida com a parceria firmada entre o Porto Digital e a Tapioca Valley, que prevê a ocupação conjunta de um espaço no centro de Caruaru, dentro do novo Armazém da Criatividade. O acordo busca criar sinergias entre as duas instituições, conectando o know-how do Porto Digital à força empreendedora das empresas locais.

“Estar junto com o Porto Digital não há discussão. É uma instituição com uma história incrível e que sempre foi inspiração pra gente”, afirma Rafael. “Agora, associar as duas marcas é algo muito positivo, porque traz benefícios para todos: o Porto movimenta o espaço e nós levamos empresas, empregos e ideias.”, defende o presidente da associação.

A expectativa é que a parceria fortaleça o ambiente de inovação na cidade, estimule novos negócios e gere oportunidades para profissionais do interior. “Essa união é simbólica. Traz a tecnologia para o centro da cidade, para mais perto das pessoas. Mostra que é possível produzir valor, conhecimento e inovação aqui mesmo, sem precisar migrar para outros centros urbanos”, destaca Rafael.

O futuro da inovação no Agreste

Com os investimentos do Governo do Estado voltados à interiorização da economia digital — incluindo o aporte de R$ 44 milhões para o novo contrato de gestão com o Porto Digital — as perspectivas são otimistas. A Tapioca Valley projeta dobrar de tamanho nos próximos cinco anos, chegando a 600 ou 700 profissionais.

“Hoje, a gente vê um ecossistema maduro, com empresas sólidas, projetos inovadores e talentos locais sendo aproveitados”, diz Rafael. “O que começou como um sonho virou realidade. E essa parceria com o Porto Digital é o motor que vai impulsionar o próximo ciclo de crescimento da tecnologia no interior de Pernambuco.”

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