O projeto de regeneração urbana do Bairro do Recife passa pelo Edifício Vasco Rodrigues, categorizado como imóvel de destaque pela Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural da PCR e ícone da arquitetura moderna em Pernambuco. Com projeto arquitetônico idealizado pelo arquiteto carioca Acácio Gil Borsoi e cálculo estrutural realizado pelo engenheiro Joaquim Cardozo – conhecido por ter trabalhado com Oscar Niemeyer nos projetos dos edifícios monumentais de Brasília – o imóvel, localizado na Cais do Apolo nº 222, está inserido em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e possui valor histórico e arquitetônico, destacando-se também pelos jardins projetados pelo paisagista Roberto Burle Marx. Concedido pelo Governo do Estado ao Porto Digital desde 2006, o edifício teve, no segundo semestre deste ano, seu projeto de requalificação aprovado por meio da Lei de Incentivo à Cultura, também conhecida como Lei Rouanet, de cunho federal, e que permite a captação de recursos para projetos culturais.

Porto Digital busca captação de recursos para requalificação do Edifício Vasco Rodrigues (Imagem: Porto Digital)
Porto Digital busca captação de recursos para requalificação do Edifício Vasco Rodrigues (Imagem: Porto Digital)

Atualmente, o Porto Digital busca parcerias para captar recursos e transformar essa requalificação em realidade. A participação neste projeto fortalece a imagem corporativa com associação ao Porto Digital, maior distrito de inovação do Brasil; traz o benefício de dedução de Imposto de Renda de até 100% do valor investido; além de fazer parte de uma requalificação de importância histórica, cultural e econômica.

Segundo Gustavo Rocha, superintendente de Arquitetura e Obras do Porto Digital, o Edf. Vasco Rodrigues foi construído no final da década de 1960 e inaugurado no início dos anos 1970.

O prédio hoje abriga, em seus 17 andares, além da organização de gestão do Porto Digital, empresas de tecnologia, secretarias municipais e estaduais, e o único cinema de rua em funcionamento no Centro da cidade, o Cinema do Porto. 

Sobre o projeto de requalificação, Rocha defende: “A regeneração deste espaço potencializa a capacidade do Porto Digital de atrair novas empresas, talentos e parcerias, além de consolidar um ambiente onde a tecnologia e a inovação convivem lado a lado com a história, enriquecendo a experiência de quem vive, trabalha ou visita essa área tão emblemática da cidade. Com a aprovação do projeto via Lei Rouanet, estamos um passo mais próximos de viabilizar essa transformação, e, agora, buscamos parcerias que compartilhem dessa visão para concretizar uma mudança significativa para o Recife.”

Para além da preservação do seu valor histórico e arquitetônico, o objetivo da requalificação é ampliar a acessibilidade e potencializar as atividades culturais e de inovação tecnológica, promovendo o desenvolvimento social, econômico e cultural da região.

De 2006 até hoje, todo trabalho desenvolvido no edifício só foi possível pela atuação da governança do Porto Digital. Anteriormente a essa gestão, por anos o edifício foi ocupado pelo Banco do Estado de Pernambuco (BANDEPE), desde suas atividades administrativas, até as tecnológicas, de inteligência e uso de um auditório no pavimento de cobertura. 

“Desde 2006, o prédio é cedido ao Porto Digital e temos direito de uso e também as obrigações para manter o prédio em pleno funcionamento, com toda infraestrutura funcionando e  todos os condôminos devem ter acesso aos serviços básicos que um empresarial precisa oferecer”, explica Julia Clarinda, gerente de Arquitetura e Obras do Porto Digital. 

Segundo a equipe, a última grande obra feita no prédio foi a construção do Cinema do Porto, em 2019. Atualmente ele é administrado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em parceria com o Porto Digital. “Antes era um auditório que ficava no último pavimento do prédio, de difícil acesso, fechado ao público, sem ar condicionado, sem tela e projetor adequado”, lembram. Agora, o espaço de 511 m² conta com um telão de 3x7m, projeção de alta definição e capacidade para 142 pessoas.

Nesse período de concessão, ainda foi realizada a modernização dos elevadores, troca dos ar-condicionados por meio de uma  parceria com a antiga Companhia de Eletricidade de Pernambuco (CELPE) visando a eficiência energética do prédio, além da manutenção no sistema de reservatório de águas e construção de um café público no térreo do edifícios.

(Imagem: Porto Digital)
Porto Digital busca captação de recursos para requalificação do Edifício Vasco Rodrigues (Imagem: Porto Digital)

Como contrapartida para receber o prédio, o NGPD recebeu também a missão de instalar entre os pavimentos empresas ligadas ao parque tecnológico, cada uma com cerca de 70 pessoas. Em um desses andares funciona, inclusive, um dos principais programas do Porto Digital, em parceria com a Prefeitura do Recife, o Embarque Digital. 

Voltado para estudantes egressos do Ensino Médio na Rede Pública e residentes no Recife, a iniciativa oferece bolsas de graduação na área da tecnologia e já formou duas turmas de mais de 200 pessoas. Um levantamento realizado pelo Porto Digital mostra que 80% desses alunos  recebem até no máximo três salários mínimos. O programa transforma a vida dessas famílias por meio da educação. Os laboratórios, que disponibilizam computadores, copa, banheiros e estrutura completa para ensino desses estudantes, ficam no terceiro andar do Edifício Vasco Rodrigues. 

Daqui pra frente

“O programa Embarque Digital capacita estudantes de baixa renda vindos do Ensino Público e tem o foco de impactar até 2,5 mil jovens num período de dois anos e meio. Se a gente estende esse dois anos e meio para 10 anos, serão 10 mil alunos, e em 30 anos, 30 mil”, estima Rocha.

Essa expectativa gira em torno dos demais pavimentos: como o imóvel abriga empresas de TI na sua grande maioria, tem-se “na largada” um público residente em torno de mil  pessoas colaboradoras fomentando a economia do bairro – sem contar os 200 visitantes que visitam essas empresas, além do cinema que é frequentado diariamente por pelo menos 400 pessoas em suas três sessões diárias. 

“Só o Cinema do Porto tem capacidade de público mensal de 10 mil pessoas. Fazer a reabilitação do prédio significa torná-lo utilizável por um período similar ao que ele já tem de história para contar. Ele já tem quase 55 anos de história desde o habite-se. Se a gente conseguir reabilitar e ao menos chegar pelos próximos 30 anos com essa reforma, vamos atingir um bom número”, pontua Rocha.

Na visão da equipe de arquitetura, a requalificação geraria em torno de 200 empregos diretos – pessoas nas diversas frentes de trabalho (recuperação de fachadas, substituição de aparelhos de ar-condicionado, troca de esquadrias e outras atividades). Indiretamente, esse número triplica para 600, visto que a cadeia de produção é longa.

“Sabemos da dificuldade de conseguir recursos para requalificação de patrimônio histórico, então consideramos um sucesso a aprovação desse PRONAC (Programa Nacional de Apoio à Cultura)”, diz Julia Clarinda.

Porto Digital busca captação de recursos para requalificação do Edifício Vasco Rodrigues (Imagem: Porto Digital)

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