Há 50 anos, nascia a empresa mais antiga do Porto Digital: a Procenge. Uma das pioneiras de TI em Pernambuco, ela teve participação na primeira digitalização das eleições do Brasil, na criação do TED bancário e muito mais.

Essa trajetória nos leva aos anos 1970, quando o Brasil vivia um “boom” da construção civil, estimulado pelas obras do regime militar. Uma empresa pernambucana de consultoria de engenharia usava um método pioneiro de cálculo num computador 1130 da IBM.

IBM 1130

Essa empresa desenvolveu uma série de aplicações para o ramo da engenharia, mas também usou o IBM 1130 para desenvolver aplicações internas para contabilidade, folha de pagamento, contas a receber… Enfim, entendeu-se que o computador ia muito além dos cálculos da engenharia.

Assim, cerca de 21 sócios decidiram abrir uma empresa focada na prestação de serviços para a área de tecnologia da informação, sendo uma das pioneiras na época. Era o começo da Procenge. A sua primeira sede funcionava no número 339 da Rua das Pernambucanas, nas Graças.

A Procenge passou a desenvolver sistemas para diferentes tipos de empresas. Com o tempo, passou a atender bancos, gestões de saneamento e até área tributária de prefeituras com enfoque no equilíbrio fiscal – um tema bastante atual já era preocupação dessa empresa inovadora. +

A Procenge se tornou um grande birô de serviços para informática, sendo um grande centro de processamento de dados num Pernambuco em que a T.I começava a florescer.

Após uma enchente nas Graças, a empresa mudou-se para a Estrada do Arraial, em Casa Amarela, onde passaria os anos 1980 – mais uma década de grandes conquistas.

Em 1986, tornou-se a maior empresa de serviços de informática de Pernambuco, segundo levantamento da revista Dados e Ideias. O ranking trazia as 150 maiores empresas do setor no Brasil. A Procenge ocupou o 14ª lugar, sendo independente de grupos econômicos e genuinamente nordestina.

Matéria do Diario de Pernambuco

Também em 1986, o TSE escolheu alguns estados para testar as primeiras eleições realizadas com processamento de dados. A Procenge ficou responsável pela apuração em Alagoas, que foi um sucesso, sendo um passo importante para futuramente termos a urna eletrônica.

Nos anos 1990, a Procenge também desenvolveu as primeiras versões do sistema brasileiro de pagamentos, que hoje é conhecido como TED – que por sua vez foi um passo importante para que hoje termos o Pix.

Também na década de 1990, foi desenvolvido o ERP, um sistema integrado de gestão empresarial que recebeu o nome comercial de “Pirâmide”. Hoje esse é o principal serviço da empresa, com mais de 300 clientes e 4 mil usuários.

Também nos anos 1990, entendendo a importância de alavancar a formação de profissionais, a Procenge foi uma das empresas que deu apoio financeiro para a criação da CESAR School – tendo por muitos anos uma cadeira no conselho da instituição.

No final dos anos 1990, a empresa antecipa a ideia do Porto Digital de ocupar o Recife Antigo e se muda para o bairro, com sede na Avenida Marquês de Olinda. Em 2000, embarca no novo parque tecnológico. Atualmente continua no bairro, mas num prédio da Avenida Rio Branco.

Nessa época, a empresa desenvolveu, junto ao Banco Mundial, um projeto de gestão para as secretarias de educação do Nordeste, o que implementou mudanças significativas na região. 

Em outubro de 2022, a Procenge chega aos seus 50 anos oferecendo soluções estratégicas em tecnologia para gestão em diversas áreas. Ela é um exemplo bem sucedido de tecnologia, inovação e reinvenção no Nordeste, superando as diversas fases políticas e econômicas do país.

CEO José Cláudio (centro) com sócios Rômulo Mesquita e Ezequiel Jordão

E para o futuro, deseja apresentar um novo conceito de pirâmide, com aplicativos personalizados numa plataforma de desenvolvimento no code/low code – que não precisa ou quase não precisa de códigos.

Também deseja prospectar novos negócios e clientes, com expectativa de crescer 50% nos próximos 3 anos. Sempre com o tino inovador lá do começo, quando as máquinas eram gigantes – e sonhos maiores ainda.

Emannuel Bento é jornalista pela UFPE, com passagens pelo Diario de Pernambuco e Jornal do Commercio

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