Há 60 anos, Pernambuco recebia os seus primeiros computadores eletrônicos. Eles ocupavam salas inteiras e chegavam a custar milhões de cruzeiros.

Equipamentos do tipo foram lançados em 1940, mas só nos anos 1960 passaram a ser mais presentes no Brasil – usados na indústria, comércio e órgãos governamentais.

Nessa época, quem liderava o mercado era a IBM, empresa americana com longa história no Brasil e que havia lançado o seu primeiro computador em 1960. No ano seguinte, deu início a montagem de computadores no Rio de Janeiro.

No final de 1961, Pernambuco daria o primeiro passo para adquirir uma máquina. A Prefeitura do Recife e a Secretaria de Fazenda do Estado pediram, quase ao mesmo tempo, a contratação de um modelo IBM 1401 – nessa época era comum “contratar” ao invés de comprar.

Até 1967, apenas 17 mil computadores funcionavam em todo o mundo – sendo a IBM dona de 75% deles. No Brasil, o preço de um computador variava entre 300 mil e 2 milhões de cruzeiros novos. Por isso, eles eram alugados por valores a partir de 6 mil cruzeiros por mês.

O IBM 1401 era o modelo mais moderno da companhia, com sistema de processamento eletrônico que usava fitas magnéticas, impressão de alta velocidade e capacidade aritmética e lógica. Naquele momento, apenas Rio e São Paulo empregavam aquele tipo de sistema.

No caso da Prefeitura, a iniciativa partiu do então prefeito Miguel Arraes, que visitou a matriz da IBM Brasil no Rio. Já a Secretaria da Fazenda era liderada por Paulo Maciel, preocupado com a eficiência da administração do governo Cid Sampaio.

O computador, que chegou em 1962, iria facilitar o intercâmbio de informações e racionalizar as tarefas administrativas, como emissão de impostos e taxas, controle de arrecadação, entre muitas outras da lista abaixo:

Em 1965, o Banco do Norte fechou negócio com a IBM para adquirir o 1401. Uma equipe especializada passou a manipular os 29 instrumentos que integravam a máquina, considerada em reportagem o “primeiro cérebro eletrônico do Norte/Nordeste”. 

Com o IBM 1401, o Banco do Norte teve um avanço de pelo menos 10 anos em suas operações administrativas, proporcionando aos clientes uma prestação de serviços inédita na região.

Em 1967, foi a vez da Universidade Federal de Pernambuco adquirir um IBM 1130, que suportava menor volume de serviços, mas era ideal para engenheiros, cientistas e matemáticos. Ele passou a processar a folha de pagamento dos funcionários e, mais tarde, informações do vestibular.

A chegada do IBM 1130 estimulou a criação de um  Centro de Computação Eletrônica. A UFPE começou a receber cursos da própria IBM, até que contratou professores próprios, dando início à história do futuro Cin.

Esses foram os computadores em funcionamento em Pernambuco até 1967. A IBM também tinha um birô de serviços no Estado, atendendo cerca de 20 firmas – como Banco do Brasil, Celpe e Companhia Telefônica. A previsão era de que o Estado receberia mais cinco computadores em 1968.

O primeiro microcomputador só chegaria por aqui nos anos 1970, quando se popularizaram. O Estado chegou a produzir o seu próprio microcomputador nos anos 1980: o Corisco.

Emannuel Bento é jornalista pela UFPE, com passagens pelo Diario de Pernambuco e Jornal do Commercio

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