Falar de desenvolvimento na educação brasileira é um desafio diário para profissionais da área ou pesquisadores do tema. Em um País com enormes desigualdades sociais e sem tradição de investimentos governamentais no sistema educacional de base, a receita já vem pronta: falta infraestrutura para o mínimo, inclusive políticas de formação para professores.

Sem a universalização do acesso à internet de qualidade e com grande déficit de computadores nas escolas, a desigualdade entre estudantes da rede pública e da rede privada só tende a aumentar.

Buscando alimentar esse debate e encontrar soluções concretas para o problema, o Jornal Digital e o podcast Cais ouviram especialistas no tema que estão inseridos no ecossistema do Porto Digital. 

educação digital

Foram ouvidos André Neves, professor e cientista associado da TDS Company; Américo Amorim, doutor em educação pela Johns Hopkins University e fundador da Escribo; e Luciano Meira, PhD em educação matemática pela University of California e sócio-fundador da Joy.

ESPECIALISTAS EM EDUCAÇÃO DIGITAL

Para André Neves, é urgente uma reformulação no método de ensino. “O primeiro desafio é a gente mudar o comportamento nas escolas. Enquanto a gente achar que aula é ler uma informação para um conjunto de estudantes e depois aplicar uma prova para saber quem consegue repetir a mesma informação, a gente não vai conseguir mudar nada”. 

E ele complementa: “A gente dá aula hoje como se dava no século 13. Entra um monge, que é o professor, com um livro na mão e lê o conteúdo para quem está embaixo (alunos)”.

Já Luciano Meira vê que é possível uma integração entre plataformas digitais e livros analógicos. “Uma orquestração entre os livros analógicos e digitais reside no social, que alguns autores chamam de fenômeno Figital. Isso depende muito do relacionamentos entre estudantes e professores, sem desconsiderar, claro, outros atores como família, gestores e comunidade escolar. É com uma relação intelectual e afetiva entre estudantes e professores  que se constrói uma experiência educacional eficiente, produtiva e acolhedora, seja qual for a plataforma utilizada”.

Alguns dados trazidos por Américo Amorim na conversa confirmam a importância de uma conexão entre professores e estudantes. “A parte emocional e afetiva é fundamental para o aprendizado, de acordo com pesquisas no campo da neurociência”. 

Ainda segundo Américo, há um componente também bastante relevante para ajudar estudantes de qualquer idade: o feedback. “Quando se está estudando ou buscando aprimorar uma habilidade, é preciso de feedback, seja de uma professora, seja de um familiar ou mesmo de um parceiro de estudo. Quando a gente recebe um bom feedback, uma boa devolutiva da evolução, isso gera maior aprendizado”.

Américo completa a fala com o que, para ele, seria um modelo de ferramenta para o ensino de hoje. “Garantir, com o uso da tecnologia, uma ferramenta que junte a afetividade entre professor e estudante com um feedback bem elaborado, que guie os estudantes para o que eles precisam”.

No episódio 45 do podcast Cais, Luciano Meira e Américo Amorim falam mais sobre educação digital.

Rodrigo Coutinho é jornalista e editor do Jornal Digital

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