Por Claudio Marinho, para o Jornal Digital
Trabalhei com o senador Jarbas Vasconcelos no Governo Estadual e na Prefeitura do Recife. Em quatro mandatos. E o que me impressionou ao longo de tanto tempo (1985 a 2006) foi a sua simplicidade, a atenção com os seus colaboradores e o respeito pela coisa pública.
“Jarbas é a cara do povo. Ele é o que é.” Alguns diziam que ele tinha cara fechada. Outros, que aquilo tudo era timidez (não confundir com falta de ousadia). Sou do segundo grupo. Jarbas fez do Recife a sua casa, de Pernambuco a sua nação. E sempre brigou na defesa do nosso Estado.
Queria constrangê-lo? Tratasse mal algum companheiro de equipe na sua frente. E mesmo os seus adversários. A veemência, que é também a sua marca, estava guardada para os malfeitos contra a coisa pública. Gostava de citar o pai: “meu filho, nunca me venha dizer que encontrou dinheiro na rua”.
No ano 2000, eu era o seu secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Ele me disse: “vamos usar parte do dinheiro da venda da Celpe para apoiar as empresas de informática que você e Sílvio Meira vivem falando”. E quis conhecer o CESAR, o centro de inovação criado pelos professores do Centro de Informática da UFPE. Voltamos e nos pediu uma proposta para o setor. Preparamos e nos reunimos com ele. Mal começamos, o governador nos interrompeu e falou: “minha mãe sempre dizia, uma coisa é ver, outra é ouvir dizer”. Pronto. Ganhou confiança. E aí me delegou tudo, ele era mestre nisso.
Dessa decisão surgiu o Porto Digital, o maior ecossistema urbano de empresas e centros de pesquisa digitais do Brasil. São 370 empresas (eram 2 no ano 2000), que geram 17 mil empregos e cada colaborador delas arrecada para a Prefeitura mais de seis vezes a média per capita de ISS do Recife (mesmo com a redução de 5% para 2% do ISS das empresas de informática).
“É Jarbas.” Sem ele, não haveria o Porto Digital.
Claudio Marinho foi secretário de C&T de Pernambuco (1999/2006) e também é fundador do Porto Digital
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