Ah, a Páscoa! Uma época de chocolate, família e… tecnologia? Isso mesmo! Enquanto o chocolate ainda reina, a tecnologia tem adicionado um sabor especial a esta celebração.
Tanto na App Store do iOS quanto na Play do Android, não faltam aplicativos de realidade aumentada para promover uma caça aos ovos de Páscoa no smartphone. Jardins e salas de estar se transformam em campos de caça virtuais, onde crianças e adultos podem explorar e encontrar ovos escondidos. Empresas como a Lightwave lançaram jogos e experiências que transformam uma tradicional caça aos ovos numa aventura digital.
Essa tecnologia, inclusive, não é estranha ao feriado. Há alguns anos, a Nestlé aposta na realidade aumentada para dar um “up” nos brindes dos seus ovos de chocolate. Com ovos temáticos de dinossauros, animais da floresta e animais aquáticos, cada miniatura vem acompanhada de um disco que, ao ser escaneado por um aplicativo, traz à vida os animais em três dimensões. Além disso, o aplicativo oferece informações educativas, em parceria com o Animal Planet, sobre os animais e seus habitats.
Eu, chocô
Este ano, na Inglaterra, uma empresa está levando a tradição de chocolate para um outro nível: uma miniatura sua, toda feita de chocolate, impressa em 3D. Para criar essas réplicas comestíveis, o processo começa com uma sessão de fotos numa cabine equipada com 48 câmeras, capturando cada detalhe do “modelo” em 3D. Em seguida, essas fotos são combinadas para formar uma única imagem tridimensional, que será a base para a criação do molde.
Uma vez finalizado o design, entra em cena a impressora 3D, não para criar diretamente o chocolate, mas um molde em plástico. Este molde é então enviado para uma confeitaria, onde é coberto com chocolate líquido e deixado para secar. Alguns dias depois, voilà! Uma réplica perfeita – e deliciosa – de si mesmo chega à sua porta.
Para quem prefere sua sobremesa em formato tradicional, a tecnologia também pode ser uma aliada na hora de encontrar o melhor preço. Nessa estratégia, as redes sociais são um excelente instrumento para conectar pequenos produtores e clientes em potencial: alcancem um público mais amplo, criando uma conexão direta com os consumidores. Essas plataformas não só facilitam a divulgação de produtos artesanais e únicos, mas também permitem aos consumidores encontrar exatamente o que procuram, longe das opções massificadas dos grandes varejistas.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), houve um aumento significativo no consumo de chocolates no Brasil, com um crescimento de 10% em 2022. Além disso, o Sebrae destaca que nos últimos cinco anos, foram registradas cerca de 1,7 mil novas empresas de fabricação de produtos derivados do cacau e chocolates, e aproximadamente 4,3 mil novas empresas especializadas em comércio varejista de doces. Estes números refletem não só o aumento do consumo, mas também a vitalidade do empreendedorismo no setor.
As redes sociais oferecem aos pequenos empreendedores uma forma acessível de marketing digital. Com estratégias criativas, eles podem mostrar o processo de fabricação, compartilhar histórias por trás de cada produto, e criar uma relação mais próxima e transparente com os clientes. Isso não só fomenta a lealdade dos consumidores, mas também destaca a singularidade e a qualidade do trabalho artesanal.
Presente escondido
Há ainda uma relação muito forte entre a Páscoa e a tecnologia, mas poucas pessoas fora desse meio – ou pouco ligadas à cultura pop – se atentam.
No mundo da tecnologia, um “easter egg” (ovo de páscoa, em inglês) é um segredo escondido, uma brincadeira ou uma mensagem dentro de um software ou jogo. Esses pequenos tesouros digitais, que vão desde piadas internas a homenagens, refletem o lado lúdico da tecnologia. Eles nos lembram que, mesmo em um mundo dominado por códigos e dados, há sempre espaço para um pouco de diversão e mistério.
Os “easter eggs” tecnológicos podem variar desde mensagens secretas e jogos ocultos até imagens escondidas ou referências à cultura pop. Eles geralmente requerem uma série de ações específicas ou condições para serem descobertos, o que os torna ainda mais intrigantes. Esses recursos não são apenas uma brincadeira; eles refletem a personalidade e o senso de humor dos criadores, ao mesmo tempo em que estabelecem uma conexão mais pessoal com o usuário.
Considera-se que o primeiro easter egg em uma mídia foi no jogo Adventure, lançado em 1979 para o Atari 2600. Devido à falta de créditos aos desenvolvedores na época, Warren Robinett, designer do jogo, decidiu incluir uma mensagem secreta que creditava sua autoria. Para acessar essa mensagem, os jogadores precisavam realizar uma série de ações específicas, desembocando em uma área escondida onde aparecia “Created by Warren Robinett”.
Um exemplo clássico de “easter egg” é o jogo de dinossauro no Google Chrome, que aparece quando você está offline. Simples, porém viciante, este jogo é uma surpresa divertida para muitos usuários que se deparam com uma interrupção na conexão à internet. Outros exemplos incluem referências escondidas em sistemas operacionais, como a famosa tecla de comando “Konami”, que desbloqueia recursos secretos em vários jogos.
Esses easter eggs no mundo digital não são apenas elementos lúdicos; eles representam uma ponte entre os criadores e os usuários, mostrando que por trás de cada software há pessoas reais com criatividade e senso de humor. Eles enriquecem a experiência do usuário, transformando momentos rotineiros em descobertas surpreendentes e divertidas, e reforçam a ideia de que a tecnologia também pode ser um espaço para exploração e jogo.
Renato Mota é jornalista, e cobre o setor de Tecnologia há mais de 15 anos. Já trabalhou nas redações do Jornal do Commercio, CanalTech, Olhar Digital e The BRIEF
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