Enquanto os Millennials ainda estão tentando descobrir como usar o TikTok sem parecerem desajeitados, surge uma nova força no horizonte corporativo: a Geração Z!
Nascidos com smartphones na mão e uma habilidade inata para multitarefas digitais, os ‘Zoomers’ estão prestes a dar um novo ritmo ao mercado de trabalho – ao mesmo tempo em que o mundo corporativo está correndo para se adaptar aos novos tempos, afinal, essa geração, cujo poder de compra cresce a cada dia (já soma US$ 450 bilhões), apresenta preferências e atitudes distintas em relação aos seus antecessores.
Quer um exemplo? De todas as redes sociais, o LinkedIn sempre foi a mais “séria”. Lá o papo é profissional e a plataforma é um porto seguro para currículos polidos e cumprimentos por aniversários de trabalho. Porém, segundo o TechCrunch, a rede está testando um feed de vídeos curtos ao estilo TikTok, o queridinho da Geração Z. Com isso, a empresa se junta ao Instagram e YouTube como “imitões” do fenômeno chinês.
Austin Null, diretor de estratégia da agência de influenciadores McKinney, foi quem primeiro notou essa nova funcionalidade no LinkedIn. A novidade, que se situa na aba “Vídeo” do aplicativo, sugere uma mudança significativa no comportamento dos usuários. Os vídeos, agora, podem ser sobre carreiras e profissionalismo, mas em um formato rápido e dinâmico, talvez até com um toque de humor e criatividade, características marcantes dos ‘Zoomers’.
Mudando o jogo
Vamos voltar algumas casas e situar a Geração Z no contexto atual. Os ‘GenZs’ são aqueles jovens nascidos entre a metade dos anos 90 e o início dos anos 2010, estão entrando agora no mercado, com um estilo todo próprio, um misto de eficiência digital e um coração pulsante por autenticidade e diversidade.
Eles navegam entre apps e plataformas com a mesma facilidade que mudam de tênis. No trabalho, isso se traduz em uma capacidade impressionante de se adaptar a novas ferramentas e soluções digitais – ao mesmo tempo em que não se contentam em apenas ‘fazer o trabalho’. Os Zoomers querem autenticidade e um reflexo de seus valores de diversidade e inclusão no ambiente corporativo.
Enquanto outras redes sociais lutam para se manter relevantes ou mudam seus algoritmos drasticamente, o LinkedIn, de acordo com a Bloomberg Businessweek, desfruta de um crescimento de 41% no compartilhamento de conteúdo em comparação ao ano anterior. Esta evolução, embalada por uma busca por autenticidade e expressão pessoal mais genuína, indica uma inclinação ao tipo de ambiente que a Geração Z valoriza.
Estamos presenciando uma mudança cultural onde até as plataformas mais conservadoras estão se adaptando ao novo público que busca mais do que apenas uma rede para ‘endossar’ habilidades: para essa nova geração, personalidade e a marca pessoal se entrelaçam com o profissional, e o LinkedIn está se posicionando como um pioneiro nessa transição, e isso se refletiu em mais dinheiro para a companhia.
Uma análise da consultoria Interpret mostra que o uso do LinkedIn entre a Geração Z aumentou em 2023, passando de um dígito para 10% no terceiro trimestre. Enquanto isso, a utilização do X/Twitter entre os jovens consumidores continuou a cair. Essa tendência não foi observada entre as Gerações X e Millennials, enquanto os Boomers mostraram um leve aumento no uso do LinkedIn.
Com essa atenção extra, o LinkedIn aumentou o custo de seus espaços publicitários em até 30% no último ano, conforme um executivo revelou ao Financial Times. Além disso, os profissionais de marketing indicaram que algumas campanhas na rede podem custar até US$ 300 por 1.000 impressões, um valor bem acima dos US$ 10 a US$ 15 da Meta.
A gente não quer só emprego
Os jovens profissionais da Geração Z trazem consigo uma mistura única de profissionalismo e humanidade. Empresas que ignoram ou subestimam esses aspectos podem acabar perdendo talentos valiosos. A ideia não é apenas criar perfis atraentes por recomendação do mercado; eles estão ativamente remodelando o que significa ‘fazer network’.
Esqueça eventos especializados e abordagem top-down, o que a nova geração quer é uma oportunidade constante de aprendizado, impulsionada por uma curiosidade genuína, conforme descreve Zaria Parvez, líder de marketing da Geração Z na Duolingo. Sem formalidade exagerada e com espaço para conversas com empatia, curiosidade e até humor.
Diferente de gerações anteriores, que priorizavam conexões com profissionais mais experientes, a Geração Z valoriza uma rede baseada em pares. Assim, a Geração Z está transformando o LinkedIn em um local onde se fazem amigos, se aprende e se cresce juntos. Isso reflete uma mudança significativa de como as redes profissionais são percebidas e utilizadas.
Longe de ser apenas uma ferramenta para buscar empregos, o LinkedIn está se tornando um espaço dinâmico para trocas significativas, crescimento mútuo e descoberta de caminhos profissionais inovadores. Além dos perfis em vídeo, o LinkedIn vem adicionando recursos para atrair e reter usuários, muitos dos quais visam imitar conteúdos relacionados à carreira e ao ambiente de trabalho que são populares em outras redes sociais.
Isso inclui a implementação de newsletters, uma rede de podcasts, recursos de áudio ao vivo e uma plataforma de eventos de vídeo ao vivo. Essas inovações demonstram o esforço do LinkedIn em se manter relevante e atrativo para uma geração que valoriza o conteúdo multimídia e a interação digital.
Reconhecendo a mudança nos padrões de trabalho, especialmente após a pandemia, o LinkedIn está se adaptando para apoiar freelancers, criadores e pessoas que trabalham remotamente.
O desafio para o LinkedIn é manter seu apelo entre os usuários mais velhos enquanto atrai a Geração Z, que busca uma relação diferente com o mundo do trabalho. O LinkedIn está se reinventando, impulsionado pela energia e valores da Geração Z. O que antes era um ambiente estritamente profissional está se tornando um espaço de expressão mais completo, refletindo tanto a carreira quanto a personalidade dos seus membros.
Para marcas, profissionais e, principalmente, para os ‘Zoomers’, o LinkedIn está provando ser mais do que uma plataforma de networking: está se tornando um retrato vivo da evolução do mundo profissional.
Renato Mota é jornalista, e cobre o setor de Tecnologia há mais de 15 anos. Já trabalhou nas redações do Jornal do Commercio, CanalTech, Olhar Digital e The BRIEF
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