Por Jaime Alheiros

Pernambuco perdeu um dos pioneiros do seu ecossistema de tecnologia da informação e inovação.

Ronaldo Pontes de Farias, famoso “Transa”, abreviação de “Cabeça de Transístor”, apelido nascido na sua fase, (passou por várias!) dos penteados Hippie. Também foi “Rorô, só para os íntimos” e era dono de uma personalidade inquieta e multifacetada. Discutia alegremente sobre religião, filosofia, política, história, psicanálise, tecnologia, cinema, rock e literatura. Generoso, semeou amizades e distribuiu conhecimento e sorrisos por onde passou.

Ronaldo foi referência no ecossistema (Crédito: Arquivo Pessoal)

Nascido em 1955 em uma família pobre do interior de Nazaré da Mata, lutou desde os primeiros anos de vida para superar as desvantagens que o destino tentou lhe imprimir. Mudou-se para o Recife e ingressou na Escola Militar, uma das referências de ensino da época. A partir dessa base, iniciou sua jornada profissional em 1972 ao ser selecionado entre centenas num dos primeiros cursos de tecnologia promovidos pela IBM em Recife, onde descobriu sua vocação no setor de “informática” e das “ciências da computação” ainda aos 17 anos.

Trabalhou (em temperaturas congelantes) nos primeiros CPDs (Centro de Processamento de Dados) da SUDENE, com seus cartões perfurados, rolos de fita e das barulhentas impressoras matriciais, cujas sobras de centenas de folhas impressas viraram bolas em animadas peladas para se aquecer. Participou da era de ouro da informatização do setor bancário em Pernambuco, com passagens pelos extintos Banorte e Bandepe. Enquanto funcionário deste, junto com outros nomes conhecidos hoje do Ecossistema do Porto Digital, ajudou a montar a base da tecnologia fiscal no estado na Secretaria da Fazendo do Estado de Pernambuco.

Depois disso, abraçou o empreendedorismo e se especializou em negócios. Teve passagens pela Consist Consultoria e Sistemas, MV Sistemas, TPF Engenharia (então Projetec) e Madrix, seu último empreendimento, uma plataforma No-Code / Low-Code, pioneira e made in Pernambuco. Rodou o Brasil nas suas andanças comerciais, e trouxe todas essas experiências com ele pelo resto da vida, fossem elas dos bons ou maus momentos.

Carnavalesco veterano, amante do Galo da Madrugada, e das ladeiras de Olinda, onde residiu, teve sua foto viralizada em jornais impressos, cartazes institucionais da EMPETUR, portais de notícias, canecas, descansos de copo, camisas e nos mais diversos souvenirs. Se pesquisarem no Google “bandeira carnaval de Pernambuco” a primeira foto que aparece será a dele, incorporando o espírito do orgulhoso folião pernambucano.

“Transa”, como era conhecido, era carnavalesco por natureza (Crédito: Arquivo Pessoal)

Era um apaixonado pela vida, pelos seus 5 filhos, Ronaldo Filho, Mariana, Renata, Marcella e Luiza, pelos 3 netos, pela família, sua esposa Marília, pelos amigos e pela culinária. Juntou tudo isso e montou uma mesa farta de experiências, percalços, sucessos, decepções, vitórias, amores e alegrias, e dividiu tudo com aqueles que tiveram o privilégio de sua convivência.

Viveu tudo o que a vida proveu com plenitude, e ainda dobrou a aposta!

  • Saravá, Ronaldo, Monsieur Ronaldô, Transa e Rorô!
  • Hoje não é sexta-feira, mas já estamos com saudades!

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