No encontro entre tradição e inovação, dois ícones da música brasileira, o maestro do frevo Spok e o cantor e compositor Frejat, trouxeram à tona uma discussão rica sobre o passado, presente e futuro do mercado musical. A palestra, mediada pela radialista Gabriele Alves, da Rádio Frei Caneca, explorou como cada um viveu as transformações do setor e como enxergam os novos caminhos que se abrem com as plataformas digitais e a inteligência artificial.
Spok: A força da cultura popular e o frevo como símbolo de resistência
Spok abriu o encontro falando sobre sua primeira experiência no Carnaval, marcada pela emoção e desafio de tocar o clássico frevo “Vassourinhas”. Para ele, o Carnaval não é apenas uma festa, mas um símbolo de identidade cultural que começou a absorver desde criança e, ao longo dos anos, transformou-se em sua grande paixão e missão.
Emocionado, Spok compartilhou a importância de valorizar a cultura popular ao longo do ano, superando o estigma de que o frevo só “vive” durante o Carnaval. Segundo ele, a música popular e as orquestras de frevo ganharam espaço além dos quatro dias de festa e são agora reconhecidas como uma expressão essencial da identidade pernambucana, conquistando palcos no Brasil e no exterior. Ele mencionou a influência de mestres como o Maestro Duda e a relevância de valorizar as raízes culturais brasileiras, reconhecendo que o contato com a música americana e europeia durante sua formação contribuiu para sua própria visão artística, mas que foi com figuras como Antônio Nóbrega que consolidou sua percepção do valor do frevo e do maracatu.
Frejat: Rock brasileiro e o papel das redes sociais
Frejat, por sua vez, abordou sua jornada no cenário do rock nacional, remontando ao início da década de 1980. Segundo ele, o rock brasileiro ganhou força numa época em que o país buscava formas de expressão e resistência em meio ao regime militar. Inspirado por nomes como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Raul Seixas, Frejat destacou a importância do movimento rock como uma forma de inquietação e rebeldia que ajudou a moldar a identidade musical brasileira.
Ao falar sobre a era digital, Frejat destacou a dualidade das redes sociais. Para ele, as plataformas oferecem uma chance única de se conectar com o público e compartilhar seu processo criativo, mas o modelo de remuneração ainda é insatisfatório. Além disso, ele criticou a falta de créditos técnicos nas plataformas de streaming, o que, segundo ele, enfraquece a cadeia produtiva e invisibiliza o trabalho de músicos e produtores. “Sem saber quem faz a música, ela perde força e significado”, afirmou Frejat, lamentando também a perda dos materiais gráficos que acompanhavam os álbuns físicos.
Diálogo entre tradição e inovação
Em relação ao impacto das novas tecnologias, ambos os artistas reconheceram as oportunidades e os desafios que surgem. Spok compartilhou sobre seu projeto “Raízes”, que busca explorar suas influências culturais e aproximá-lo de novas gerações, incluindo artistas de diferentes estilos, como o rock e o xambá. Inspirado pela colaboração com seu filho, Spok vê no projeto uma forma de unir tradição e modernidade, mantendo viva a essência da cultura popular.
Já Frejat ressaltou a importância de preservar a diversidade e valorização das diferentes expressões artísticas brasileiras, mencionando artistas que o inspiram, como Chico Science e os roqueiros brasileiros dos anos 80. Além disso, ele apontou para uma questão global: a necessidade de uma união entre artistas e músicos para superar o que chamou de “capitalismo selvagem” das grandes gravadoras e plataformas, que controlam a produção e distribuição musical.
O futuro da música e a preservação da cultura nas escolas
Ambos os músicos foram enfáticos quanto à importância de incluir a cultura popular e a história da música brasileira no currículo escolar. Para Spok, a educação musical é fundamental para garantir que novas gerações conheçam e respeitem a rica herança cultural do país. Frejat, por sua vez, falou sobre a necessidade de políticas culturais que valorizem os direitos autorais e fortaleçam a independência dos artistas.
Ao final, a palestra se mostrou uma oportunidade única de dialogar sobre como a tradição e a inovação se entrelaçam no cenário musical brasileiro. O encontro proporcionou ao público uma reflexão sobre o futuro da música, e sobre como artistas e sociedade podem se unir para preservar a cultura brasileira em um mundo em constante transformação.
REC’n’Play — O Futuro Nos Conecta
A edição deste ano do festival tem como tema “O Futuro Nos Conecta” e conta com uma programação que inclui palcos para apresentações culturais, além de atrações como a “Arena de Negócios”, “Arena Gamer”, palestras, oficinas e aulões preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), “Arena de Robôs” e “Polo Infantil”. Para ter acesso às atividades, é necessário o Passaporte REC’n’Play, que pode ser adquirido gratuitamente pelo site https://recnplay.pe. A inscrição, válida para toda a programação, é gratuita e pode ser feita até o último dia do evento.
O REC’n’Play 2024 é realizado pelo Porto Digital, Ampla Comunicação e Sebrae Pernambuco. É apresentado pelo Banco do Brasil, com parceria de conteúdo da Globo, patrocínio premium da Prefeitura da Cidade do Recife e Governo do Estado de Pernambuco. A parceria estratégica é feita pela ADEPE, EMPETUR, FUNDARPE, Secretaria da Cultura do Estado de Pernambuco, Recentro e Fundação de Cultura Cidade do Recife. Com patrocínio da SERPRO, Petrobras, FINEP, Governo Federal, Solar Coca-Cola, Jalan, CONFEA, CREA-PE, Mutua PE, Suape, Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fecomércio PE, Algar Telecom, Grupo Moura, Mondelez, Shopping Recife, Deloitte, NNT DATA, CESAR School, Rede Munda Mundo, ABA, Ambev e UNIAESO. Os parceiros de mídia são: Zygon, VideoPorto, Bandeirantes Mídia OOH, RZK Digital, TREND, Onomatopéia, Music FM, Lift Mídia, Jovem Pan, Eletromídia, Hits FM, Nova Brasil FM.
Comments are closed, but trackbacks and pingbacks are open.