Nesta terça-feira (15), o Porto Digital, no Bairro do Recife, foi palco do Conexão REC’n’Play, evento promovido em parceria com a Ampla e o Sebrae, que abordou um importante debate sobre os efeitos da tecnologia na juventude. Com o painel “Entre telas e realidade: como a tecnologia molda a juventude”, inspirado na série Adolescência, da Netflix, o encontro reuniu especialistas das áreas de educação, segurança pública, psicologia e comunicação para refletir sobre os impactos da vida digital na saúde mental dos jovens.

Tecnologia, juventude e saúde mental: o alerta do Conexão REC’n’Play (Imagem: Silla Cadengue/Divulgação)

Luciano Meira, professor universitário e head de Pedagogia da Proz Educação, abriu a discussão enfatizando a urgência do tema:

“A saúde mental do adolescente na escola, na família, é um tema fundamental para toda a sociedade. E o REC’n’Play tem uma responsabilidade, como festival de conhecimento e tecnologia – tecnologia essa que prevê as redes sociais, os algoritmos, as telas que capturam o imaginário e a atividade diária desses adolescentes. Esse é um tema que não pode passar desapercebido”, afirmou.

Para Meira, o evento foi uma oportunidade de provocar reflexões profundas sobre o papel das instituições e das corporações na construção de uma plataforma de saúde mental mais consciente, que consiga “capturar de volta os nossos adolescentes”.

Do ponto de vista da segurança pública, a delegada Simone Aguiar, da Polícia Civil de Pernambuco, trouxe uma visão de alerta e de ação:

“O mundo digital é um cenário bastante atrativo que merece destaque não só para crianças e adolescentes, mas para todos os profissionais que trabalham com saúde mental, repressão e prevenção de crimes.”

Ela defendeu a capacitação de policiais para atuar não só na repressão, mas também na prevenção dos crimes digitais, destacando que todos somos vulneráveis nesse ambiente hiperconectado.

A psicanalista e psicóloga clínica Fabíola Barbosa chamou atenção para a diferença entre privacidade e intimidade no contexto digital. Segundo ela, enquanto há um esforço crescente em preservar a privacidade dos jovens, pouco se fala sobre a necessidade de cultivar a intimidade — um processo interno de autoconhecimento que tem sido fragilizado pelo uso excessivo das redes sociais.

“Quanto mais tempo fora das telas, talvez a gente tenha a condição de observar essas coisas num panorama mais amplo”, sugeriu.

Tecnologia, juventude e saúde mental: o alerta do Conexão REC’n’Play (Imagem: Silla Cadengue/Divulgação)

A jornalista Cinthya Leite, por sua vez, destacou o papel crucial da mediação familiar nesse cenário. Para ela, mais do que controlar ou fiscalizar, é necessário escutar e acolher:

“Quando os pais se sentem seguros, que acolhem, a criança e o adolescente se sente também mais segura para compartilhar, denunciar, orientar, mostrar o que está ocorrendo e pedir ajuda.”

O Conexão REC’n’Play, uma das iniciativas do festival REC’n’Play, consolidou-se como um espaço de diálogo fundamental sobre os desafios da juventude frente à tecnologia. O encontro não só levantou questões importantes, como também apontou caminhos para uma abordagem mais integrada, humana e preventiva em relação ao bem-estar dos adolescentes no mundo digital.

Tecnologia, juventude e saúde mental: o alerta do Conexão REC’n’Play (Imagem: Silla Cadengue/Divulgação)

A data oficial do festival é em outubro, entre os dias 15 e 18, mas o Conexão atua como uma prévia dos assuntos que serão debatidos no fim do ano. O próximo encontro já tem tema definido: será sobre o futuro do trabalho.

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