Três estudantes de cursos de Tecnologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), instituição de ensino parceira da Residência Tecnológica do Porto Digital, se destacaram na última edição da Campus Party Brasília, realizada em junho. Sara Holanda, Valéria Gomes e Yasmin Costa desenvolveram o Aurora, aplicativo voltado para a proteção de mulheres vítimas de violência doméstica e em situação de
vulnerabilidade social, e conquistaram o terceiro lugar do desafio “Mulher Mais Segura”, promovido pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

App criado por estudante da Residência Tecnológica conquista premiação na Campus Party Brasília (Imagem: Arquivo Pessoal)

As estudantes tiveram poucas horas para idealizar, desenvolver e apresentar a solução, que chamou a atenção pelo sistema de camuflagem inteligente, cadastro de evidências e reconhecimento de voz.

“Um dos diferenciais do aplicativo é a camuflagem, considerando que a maioria dos agressores possui acesso total ao dispositivo das vítimas. Criamos um mecanismo que camufla o Aurora em outro app,
despistando o agressor e evitando possíveis conflitos. Nossa solução também permite o cadastro de uma palavra-chave, que pode ser usada para chamar a polícia, o aplicativo segue em funcionamento em segundo plano, permitindo que a vítima acione a polícia sem precisar estar com o dispositivo em mãos”, explica Valéria Gomes, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas na UCB.

Além de todas essas funcionalidades, o Aurora permite o cadastro de um timer de segurança, para que a vítima registre um horário de chegada em determinado destino “Chegando no destino, a vítima pode desativar o timer. Caso a vítima não desative, a polícia será acionada”, complementou Valéria.

Tecnologias implementadas

Para garantir o bom funcionamento do app, muitas tecnologias foram utilizadas. Desde a criação até a integração com sistemas oficiais de emergência. “O app foi desenvolvido com Flutter; o Geolocator está presente para obter a localização do usuário; o Speech to Text foi utilizado para reconhecimento e conversão de voz para texto; o Shared Preferences, para armazenar dados simples; e o Flutter Map/Widgets customizados, para conseguir fazer a camuflagem visual com temas personalizados”,
detalhou Yasmin Costa, estudante de Ciência da Computação na UCB.

Ainda foram utilizados Permission Handler, para controlar permissões de acesso; UUID, para gerar identificadores únicos por sessão/envio; Firebase, para o armazenamento remoto de dados (áudio/texto); e APIs do Governo do Distrito Federal, para a integração com sistemas oficiais de emergência.

Aprendizados e planos para o futuro

Foi o primeiro hackathon das três estudantes, o que tornou a experiência enriquecedora e desafiadora para toda a equipe. “Foi a primeira vez que me dediquei tanto em um projeto. Aprendi muito sobre trabalho em equipe, prazos curtos e trabalho sob pressão. Sem dúvidas é uma experiência marcante e que vou levar para a vida”, comentou Sara Holanda, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas na UCB.

Para além da entrega do projeto, Sara também destaca a conquista do terceiro lugar e o reconhecimento de uma equipe 100% feminina. “Eu fiquei um pouco em choque quando percebi que éramos a única equipe feminina, mas ao mesmo tempo motivada por ocuparmos o pódio”, complementou.

Com o reconhecimento obtido, a equipe busca parcerias com instituições que atuam no setor e também com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para validar e viabilizar o uso da ferramenta de forma mais ampla. O foco do trio agora é melhorar o protótipo com base no feedback recebido e buscar apoio técnico e institucional para levar o projeto adiante.

Importância da Residência Tecnológica do Porto Digital

Como a UCB é uma instituição de ensino parceira do Porto Digital, alguns estudantes participam do programa de Residência Tecnológica, como é o caso de Valéria Gomes. Para ela, o fato de ter tido contato com desafios reais de empresas do setor contribuiu muito para um olhar mais aguçado na competição.

“A Residência em parceria com o Porto Digital fez toda a diferença na minha trajetória. Desde o primeiro semestre, tenho contato direto com empresas reais, e essas vivências me deram base técnica e visão de projeto na área de negócios. Usei o que aprendi para analisar o mercado, pensar em inovação, organizar as ideias e também contribuir no pitch e na documentação. Tudo isso só foi possível porque a Residência
me preparou de verdade para o mercado”, concluiu Valéria.

Sobre a Residência Tecnológica

A Residência Tecnológica é um programa de formação especializada em tecnologia, desenvolvido pelo Porto Digital em parceria com instituições de ensino superior.

Voltada para cursos de nível superior (tecnólogos de curta duração) na área de TI, a Residência Tecnológica é oferecida como uma disciplina obrigatória. O programa é estruturado em cinco ciclos: o primeiro consiste em uma competição de ideação e prototipação, enquanto os ciclos seguintes proporcionam aos estudantes a oportunidade de trabalhar em projetos e desafios reais propostos por empresas parceiras, garantindo uma vivência prática e orientação personalizada.

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