De Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, para Binghamton, em Nova York. Essa é a rota percorrida por Maria Valéria, engenheira de produção formada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que agora inicia um novo capítulo da sua trajetória: um mestrado em Industrial and Systems Engineering na State University of New York at Binghamton. O que liga esses dois pontos tão distintos é a tecnologia — e o papel crucial do Porto Digital em sua formação profissional.

De Salgueiro a Nova York: trajetória de Maria Valéria passa pelo Porto Digital até mestrado nos EUA (Imagem: Arquivo Pessoal)

Maria conheceu o Porto Digital ainda na graduação, por meio de um projeto de capacitação promovido pela di2Win, empresa com sede no distrito de inovação que é referência no Brasil. A oportunidade surgiu no segundo ano da universidade, quando ela já havia participado de uma iniciação científica e buscava formas de aplicar o que vinha aprendendo — e também garantir uma renda.

“Fui uma das 10 pessoas aprovadas no projeto. Um mês após a capacitação, fui contratada pela di2Win. A experiência na empresa foi como uma escola, que capacita jovens em início de carreira e nos prepara para aplicar nosso conhecimento com segurança e autonomia”, conta.

O projeto teve um impacto decisivo na carreira de Maria, especialmente pelo contexto de onde ela veio. Natural de Salgueiro, cidade com poucas oportunidades na área de tecnologia, ela destaca como a atuação no Porto Digital encurtou caminhos que poderiam ser bem mais difíceis.

“No Sertão, é raro ter estágios bem remunerados ou acesso a empresas inovadoras. O Porto Digital me abriu portas e me ajudou a construir uma trajetória profissional sólida, que hoje me leva a estudar no exterior.”

Sonho antigo, conquista recente

A ideia de estudar nos Estados Unidos não é nova para Maria — vem desde o ensino médio. Mas só agora, com mais maturidade e bagagem acadêmica, ela conseguiu transformar o desejo em realidade. A escolha do curso de mestrado está diretamente ligada à sua vivência na graduação, onde já atuava com pesquisa na área de sistemas e engenharia industrial.

“Essa vontade de estudar fora sempre existiu, e foi crescendo conforme eu via que era possível. Minha experiência profissional e acadêmica me preparou para esse passo.”

Tecnologia e representatividade

Como mulher nordestina em uma área ainda dominada por homens, Maria relata uma experiência positiva, especialmente dentro da engenharia de produção, onde a presença feminina é mais equilibrada.

“Sempre me senti aceita e nunca percebi distinção entre mim e outros pesquisadores. Mas sei que isso não é a realidade para todas.”

Por isso, ela aproveita sua história para enviar uma mensagem direta às jovens do interior que ainda não se veem como parte do universo tecnológico:

“A tecnologia é a área do presente e do futuro. Há oportunidades reais, no Brasil e fora, com bons salários e muito espaço para crescer. As meninas do interior precisam saber que é possível. Se você tem esse sonho, lute por ele. Vá atrás, porque existe um caminho e você pode chegar lá.”

A trajetória de Maria Valéria é um exemplo concreto de como iniciativas de capacitação, como as promovidas pelo Porto Digital e empresas parceiras, são capazes de mudar vidas. Mais do que isso, mostram que o talento pode surgir em qualquer lugar, basta haver oportunidade.

Do Sertão pernambucano à pesquisa internacional, sua história representa o impacto da inclusão, da formação técnica e do incentivo aos sonhos que, mesmo distantes, começam a se tornar realidade por meio da educação e da inovação.

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