O Jornal Digital fez um giro pelo mundo para conhecer alguns dos projetos de bairros compactos e autossustentáveis que compõem as “Cidades de 15 Minutos”. Além de trazer relatos sobre a aplicabilidade desse modelo, ampliada desde a pandemia da Covid-19, o terceiro dia da série de reportagens #recifepragente foi em busca de recifenses que vivem experiências no exterior para contar como funciona e do que mais gostam.

Links abaixo para os dois primeiros textos da série:

LABORATÓRIO PARA UM NOVO MODELO URBANO

UMA CIDADE AO ALCANCE DOS PÉS

Paris (França)

É referência na implementação do modelo de “Cidades de 15 minutos”. Na capital francesa, as escolas foram tomadas como ponto de partida para situar os distritos, e utilizadas em horários vagos para uso coletivo ou de lazer. Uma ação importante dentro do planejamento foi a redução das vagas de estacionamento nas proximidades de áreas turísticas e outras localidades. Estima-se que cerca de 140 mil vagas de estacionamento foram transformadas em espaços usáveis, interativos, verdes ou vias para bicicletas.

É grande o controle para que o espaço do pedestre seja respeitado, inclusive com a utilização do efetivo da Polícia Municipal de Paris. O plano da prefeita prevê que todas as ruas da cidade tenham estrutura completa para bicicleta até 2026. E que haja controle com fiscalização de guardas de trânsito para que as vias não sejam invadidas, como mostram fotos da operação #CodeDeLaRue, de autoria de @alexandracordebart.

Crédito: Reprodução/ Instagram @alexandracordebard

Lisboa (Portugal)

Lisboa está em pleno debate sobre a instalação de um programa no estilo “Cidades de 15 minutos”. É o “Há vida no meu bairro”. As discussões são conduzidas pelo Conselho de Cidadãos e contam com o estímulo da Câmara de Lisboa.

Entre os meses de março e abril de 2023, aconteceu a segunda edição do encontro, que formulou propostas para serem discutidas com o presidente da Câmara. A primeira ocorreu em maio de 2022. Um jornal local virtual e um portal comunitário de Lisboa (https://lisboaparapessoas.pt) são ativos na defesa da causa.

Na capital, o cientista de dados Manoel Banza investigou os bairros com maiores potenciais e seu estudo tem sido uma fonte para aqueles que estudam ou têm curiosidades sobre projeto, autoridades ou não. Banza chegou à conclusão que “Alvalade é o bairro mais 15 minutos” de Lisboa, pela proximidade de serviços diversos, como mostra o infográfico abaixo.

Crédito: Reprodução/ Lisboa para pessoas https://lisboaparapessoas.pt

Barcelona (Espanha)

Barcelona ​​decidiu apostar no modelo de superilles (superilhas), onde se formam macrobairros cercados de comércio, serviço e moradia. Algumas regras e decisões implementadas como parte deste projeto chamam atenção. Como a prioridade da cidade é o pedestre, o modelo reduz ou elimina a divisão de altura entre calçada e via; e elas passam a favorecer o uso social da rua. O asfalto desaparece para dar lugar ao concreto; os carros trafegam a, no máximo, 10 quilômetros por hora; e as vias passam a contar com mais verde e mobiliário. Cargas e descargas são permitidas em horários específicos. https://youtu.be/PnQ4m-qMx_Q . A inspiração para as superilhas veio de outras grandes cidades do mundo, e passou a ser incorporada pela Agência de Ecologia Urbana de Barcelona. Entre as cidades norteadoras das superilhas, que estimularam a autossuficiência econômica e social, está Havana. Em Cuba, foi o colapso da União Soviética em 1990 e a escassez de petróleo e alimentos que impulsionaram muitas mudanças. O governo cubano importou mais de um milhão de bicicletas chinesas, expandiu áreas verdes e incentivou a produção alimentícia em áreas pouco usadas e a instalação de hortas domésticas e expandiu áreas verdes.

Em 1998, a Organizações das Nações Unidas (ONU) considerou Havana a cidade mais verde da América Latina. Buenos Aires (na Argentina) é outra cidade usada como referência pelos planos de caminhabilidade, que tem cerca de 250 quilômetros de ciclovias e centenas de estações de bicicletas.

Vancouver (Canadá)

Pesquisadores dizem que 79% da população moradora de Vancouver contam com condições estruturais e ideais para caminhar. Um estudo recente da Simon Fraser University revela que 99% das pessoas que moram em Vancouver estão a menos de 15 minutos de uma mercearia e têm acesso a serviços e necessidades essenciais de rotina, como escolas, centros comerciais, a uma distância curta, caminhável .

Fonte: adamydesenvolvimentoimobiliario.wordpress.com

O conceito de “Cidade de 15 minutos” já era praticado por planejadores legais da cidade, partindo do “poder da proximidade”. É tão atrativo que serve de propaganda e marketing para as imobiliárias de cá. Veja foto abaixo, reproduzida de uma empresa de imobiliária ( CIDADE DE 15 MINUTOS ESTÁ MAIS PERTO DO QUE NUNCA DE SE TORNAR REALIDADE. – Adamy Empreendimentos (wordpress.com) Os mesmos princípios norteiam outras cidades do Canadá.

Links abaixo para a continuação da série: 
RECIFENSES CONTAM COMO É UMA “CIDADE DE 15 MINUTOS”

Silvia Bessa é jornalista. Gosta de revelar histórias que se escondem na simplicidade do cotidiano. Venceu três vezes o Prêmio Esso e tem quatro livros publicados

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