Na semana passada, a LG realizou um evento para a imprensa, aqui no Recife, para o lançamento de dois novos modelos de caixas de som, as LG XBOOM XL5 e XL7. Para quem vê de fora, não parece ser nada de mais – mas o movimento aponta uma estratégia da marca sul-coreana: um foco maior na região Nordeste (que, de acordo com a companhia, somada com a Norte corresponde a 40% das vendas do segmento) e uma atenção maior para influenciadores locais, que fazem parte do nicho que a LG quer se comunicar. 

De acordo com a head de Marketing Corporativo da LG Brasil, Sonah Lee, a empresa buscou criadores de conteúdo digital não só voltados para entretenimento, dança e música, mas que tivessem um alcance mais regionalizado. “Quando falamos de modelos de caixa de som maiores, observamos uma alta concentração de uso nas regiões Norte e Nordeste devido ao perfil de consumo. São pessoas que usam produtos grandes e de alta potência, pois gostam de reunir amigos e familiares e demonstrar a qualidade sonora, bem como levar a caixa de som para praias e viagens, por isso escolhemos influenciadores que se comunicam com esse público”.

E, acredite: no Brasil o que não falta são criadores com contas relativamente pequenas nas redes sociais, mas com muito engajamento dos seus seguidores. Se considerarmos só o Instagram, o país com 10,5 milhões de contas com pelo menos mil seguidores, segundo uma pesquisa da Nielsen publicada no ano passado. Levando em conta não só Instagram, mas também TikTok e YouTube, o Brasil fica em segundo lugar, perdendo apenas para os Estados Unidos, que possui 13,5 milhões de “influencers”. 

De acordo com a Forbes, o mercado mundial de marketing de influência cresceu 43% entre 2020 e 2021, e chegou perto de US$ 14 bilhões em 2022. Mas nem todo mundo que está faturando está na casa dos milhões de seguidores: Nanoinfluenciadores, com até 10 mil seguidores em suas redes sociais, e microinfluenciadores, com até 50 mil, estão ganhando cada vez mais espaço. 

De acordo com a pesquisa da Nielsen de 2022, o Brasil já contava com mais de 500 mil criadores de conteúdo com perfis com mais de 10 mil seguidores. Outro levantamento, da empresa de marketing de influência Squid, aponta que 41% dos influencers brasileiros têm até 10 mil seguidores e 37% contam com até 50 mil pessoas.

Essa pesquisa, inclusive, traz insights muito legais sobre esse público, tendo ouvido mais de 4,5 mil deles durante o mês de janeiro deste ano. Nada menos do que 74,7% são mulheres, 61% vivem no Sudeste, 36% são millennials (ou seja, entre 30 e 39 anos) e talvez o dado mais relevante em se tratando de microinfluenciadores: apenas 18% vivem exclusivamente de marketing de influência. Desses, só 1,2% recebem mais de R$ 15 mil por mês.

E engajamento é a moeda mais forte na creator economy. De acordo com dados do Socialbakers, micro e nano influenciadores podem impulsionar em até 60% a taxa de engajamento e exibir alta de 20% de taxa de conversão em comparação com grandes influenciadores. Isso reflete um comportamento dos próprios consumidores, que em seu dia a dia baseiam suas decisões de compra em sugestões de pessoas próximas.

Na escala de influência, amigos têm 86% de peso na decisão, de acordo com a pesquisa da Squid, mas influenciadores chegam a 31% – um índice interessante que está no radar de muitas marcas. Uma pesquisa global feita pela plataforma MuseFind, mostra que 92% dos consumidores confiam mais nos influenciadores do que na publicidade tradicional. E mais: influencers têm mais peso também do que celebridades fazendo comerciais com o produto.

Isso porque influenciadores menores são considerados mais autênticos, como explica o cofundador e CEO da agência de influenciadores Captiv8, Krishna Subramanian, em entrevista ao site Digiday. “Com os nanoinfluenciadores [e microinfluenciadores], foi demonstrado que, devido à estreita conexão entre o criador e sua comunidade, eles tendem a ter um envolvimento maior, o que é um fator a ser considerado”, completa o executivo.

Enquanto grandes influenciadores, que falam para milhões de pessoas, não conseguem ter uma relação muito próxima com seus seguidores, os menores conseguem trocar mais experiências com quem os segue e ter uma comunicação mais objetiva, gerando mais engajamento.

Microinfluenciadores também são interessantes para pequenas empresas que não têm caixa para pagar famosos, acostumados com contratos de valores mais altos. Um critério para levar em consideração é que nem sempre ter um grande número de seguidores significa engajamento: um estudo realizado pela Later Blog observou que nanoinfluenciadores entregam seu conteúdo para 33% dos seus seguidores e 4% é a taxa de engajamento de cada post. Por outro lado, macro influenciadores entregam seu conteúdo para 10% dos seus seguidores e 1,5% é a taxa de engajamento de cada post.

Pelo lado das agências, a plataforma Influency.me ouviu quem está dentro do mercado e apontou que para 76% deles a taxa de engajamento foi o principal critério de avaliação para contratação. A pesquisa “Marketing de Influência no Brasil em 2022” ainda indicou que 67% das marcas afirmaram que investiram em influencers no ano passado, com 59% fazendo contratações frequentes, em quase todos os meses. 

O resultado desse investimento foi considerado positivo para 61% dos contratantes e 34% afirmaram o desejo de manter um contrato de longo prazo. E os valores não são nada “micros”: 13% das marcas investiram acima de R$ 500 mil com influenciadores e 18% entre R$ 100 e R$ 500 mil. Para este ano, 67% disseram que pretendem aumentar os aportes em Marketing de Influência.

Renato Mota é jornalista, e cobre o setor de Tecnologia há mais de 15 anos. Já trabalhou nas redações do Jornal do Commercio, CanalTech, Olhar Digital e The BRIEF

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