No aulão promovido para marcar o início das aulas, claro, Taciana estava lá para tirar fotos e ser fotografada ao lado da filha a quem sempre deu a mão. “Eu imagino como se a tecnologia fosse uma grande teia de aranha”, pontua Samara. A vaga do Embarque concede aos estudantes beneficiados, além da bolsa integral de estudos, auxílio-transporte e auxílio-alimentação.
Dali então, foi muito aprendizado e orientações sobre cursos abertos, estágios e outros caminhos que poderiam ser aproveitados pelos jovens. Cursos, Samara já fez vários. O primeiro emprego veio assim – após os cursos. “Gosto do meu trabalho. Sou desenvolvedora. Só não posso dizer em qual projeto estou trabalhando porque o produto ainda não foi lançado no mercado”, frisa. O primeiro passo foi acumular aprendizado e cursos; depois, ainda muito jovem e iniciando sua trajetória profissional, providenciou uma conta no LinkedIn, aos 18 anos.
“É uma orientação que eles (equipe do Embarque Digital) dão, de que o jovem precisa melhorar o currículo aos poucos e compondo o LinkedIn com toda a produção e aprendizado. Por exemplo, se você cria um botão ou faz um aplicativo, coloca lá”. Foi assim que viu a vaga para Dublin, analisou e resolveu não cursar agora. “Achei que precisava tornar meu inglês mais fluente antes de tentar, mas está nos meus planos”.
Admite que avançou muito, desde a época em que se preparava para concorrer ao programa Programa Ganhe o Mundo (PGM) do Governo do Estado, no Ensino Médio, e tem ampliado o vocabulário técnico em reuniões profissionais, mas que ainda precisa se aprimorar um pouco mais para chegar até a Inglaterra ou Irlanda, seguindo os passos da professora Maria Eduarda, do PGM, que sempre ressaltava as oportunidades que precisavam ser desbravadas no mercado de trabalho para as mulheres.
Os pensadores do Embarque Digital estão atentos nessa questão do estímulo à ocupação de espaços por parte das mulheres. Um total de 53,2% dos beneficiados pelo Programa desde o início é composto por jovens do sexo feminino, segundo mostram os dados do Observatório do Porto Digital – 2022/2023. O fato de ser mulher é requisito para desempate, em caso de notas idênticas de concorrentes.
“Tenho o maior orgulho de minha filha. Muito inteligente e esforçada e eu sempre digo isso a ela, tanto no estudo quanto no trabalho. Para você ter uma ideia, um dia que ela começou era 22h a estudar. E peguei e fiz um mingau de aveia com farinha láctea e deixei um copo de água. Fiz um pãozinho assado e coloquei na mesa na cozinha. Aí, quando foi 3h30 da manhã, levantei e a luz da cozinha estava acesa. Samara? Samara? foi quando perguntei o que ela estava fazendo no computador ainda. Daqui a pouco eu fui dormir. Voltei para cama. Quando foi 5h a menina ainda estava lá, estudando”, conta dona Taciana.
Em cinco ou dez anos, Samara planeja estar no auge de sua carreira, recebendo a família e os amigos com o seu churrasco de primeira qualidade, sem ter de se preocupar com as contas do mês, cantando gospel, lendo na sua incrível biblioteca, fazendo atividades ou desenvolvendo na área de tecnologia ou onde quiser. Afinal, como ela própria cita, o empresário da área de tecnologia Elon Musk (um dos mais ricos do mundo) e Mark Zuckerberg, do Meta/Facebook, começaram assim: acreditando. “Eu me vejo com uma carreira brilhante”. A mãe, o pai e a irmã não vêem a hora desse momento chegar. Até lá, fazem a parte que lhes cabe, dizendo “Vai conseguir, sim”.
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Silvia Bessa é jornalista. Gosta de revelar histórias que se escondem na simplicidade do cotidiano. Venceu três vezes o Prêmio Esso e tem quatro livros publicados
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