O Pilar Universitário se diferencia dos demais programas de acesso à educação e empregabilidade oferecidos na cidade e pelo próprio Porto Digital por atender a uma população com condições de vulnerabilidade ainda mais acentuadas. O parque tecnológico localizado no Bairro do Recife promoveu estudos e desenvolveu pesquisas para avaliar necessidades e encontrar soluções para moradores do Pilar, comunidade localizada dentro dos limites do parque.

O Porto Digital também tem acompanhado com grande interesse o trabalho de outras instituições que atuam para a melhoria da comunidade. Algumas têm levantamentos recentes que atestam o quadro dos moradores do Pilar e o porquê de a comunidade merecer tratamento diferenciado dentro de uma perspectiva desenvolvimentista e inclusiva.

Do total de chefes de família no Pilar, a grande maioria (73%) é formada por mulheres – Crédito: PC Pereira

Atualmente, no quadro geral da comunidade, 73% dos moradores trabalham, 20% não possuem emprego e 6% são aposentados. Metade das pessoas chefes de família (50%) ganham entre meio a um salário mínimo por mês. Do total de chefes de família, a grande maioria (73%) é formada por mulheres. Entre as pessoas que trabalham, a maior parte delas obtém renda por meio do emprego informal (76%). 

“De modo geral, as pessoas chefes de família do habitacional trabalham no setor informal, o que acarreta falta de proteção e direitos trabalhistas, instabilidade e baixa remuneração. Essa condição de informalidade atesta a vulnerabilidade socioeconômica dos moradores e a necessidade de geração de emprego e renda. Atualmente a renda de grande parte das famílias é complementada pelo recebimento dos benefícios sociais”, diz o relatório final da pesquisa.

Os dados são da pesquisa comunitária realizada pelo WRI Brasil, Universidade das Nações Unidas – Instituto do Meio Ambiente e Segurança Humana (UNU-EHS), Aliança pelo Centro do Recife e pesquisadores locais em parceria com moradores da Comunidade do Pilar.

Como em outras periferias, parte da renda dos moradores do Pilar vem do comércio informal – Crédito: PC Pereira

Publicada em junho deste ano, ela tem como objetivo preencher “a lacuna na disponibilidade de dados e fornecer informações relevantes para o desenvolvimento das iniciativas da Aliança pelo Centro do Recife”. Além de contribuir para a pesquisa, ela contribui para a conscientização sobre a realidade local e o reforço das estratégias de engajamento comunitário. 

A renda de seus moradores é apenas um aspecto que faz do Pilar um território vulnerável. Um dos problemas mais graves é a moradia e as condições dos que estão sobrevivendo em ambientes improvisados e sem infraestrutura. Um total de 63 pessoas residentes na comunidade hoje estão estudando. Para essas pessoas, em um futuro próximo e para todas as demais que concluíram o Ensino Médio e querem escancarar a porta da vida universitária, o Programa Pilar Universitário surge para trazer confiança na construção de dias melhores.

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Silvia Bessa é jornalista. Gosta de revelar histórias que se escondem na simplicidade do cotidiano. Venceu três vezes o Prêmio Esso e tem quatro livros publicados

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