Quem é gamer já sabe desde criança: por mais que você tenha apanhado e perdido todas as suas vidas para algum chefão, sempre tem um “continue” que te permite recomeçar a fase e tentar de novo. E depois de uma Black Friday um tanto quanto decepcionante, o “continue” no varejo atende pelo nome de Cyber Monday, e já está rolando.

Criada em 2005 nos Estados Unidos, a data nasceu como uma estratégia de marketing para encorajar as pessoas a fazerem compras online. Naquele tempo, a internet ainda estava se solidificando como um mercado comercial viável, e muitos consumidores hesitavam em realizar transações online. Inspirando-se no sucesso da Black Friday, que tradicionalmente ocorre na sexta-feira após o Dia de Ação de Graças, os varejistas online decidiram criar seu próprio evento de vendas.

NÚMEROS DESTE ANO

Diferentemente das previsões otimistas, a Black Friday deste ano no Brasil se caracterizou por um faturamento mais fraco e um número menor de pedidos no comércio eletrônico, conforme reportado pela Neotrust. O faturamento caiu 14,4%, totalizando R$ 4,9 bilhões, e os pedidos tiveram uma queda de 15,8%, somando 7,6 milhões. Estes números contrastam com as expectativas anteriores, que apontavam para um crescimento de 12% em relação a 2022.

Pior: a sensação de “Black Fraude” acabou reforçada, já que este ano viu um pico histórico no número de reclamações, com o Reclame Aqui registrando 12,1 mil queixas – a maior parte relacionada a golpes e problemas com entregas. Analisando grandes varejistas, MercadoLivre, Amazon, Shein e Shopee experimentaram um aumento significativo no tráfego de seus aplicativos e sites no período pré-Black Friday. Por outro lado, Americanas, Carrefour Brasil e Petz observaram um declínio na participação de usuários ativos diários. Por isso, a Cyber Monday se converteu no “canto do cisne” para tentar salvar o fim de semana de compras de 2023.

Neste dia, ao contrário da Black Friday, que é conhecida nos EUA por suas longas filas e aglomerações nas lojas físicas, as ofertas da Cyber Monday são exclusivamente online. A ideia era simples, mas revolucionária: oferecer descontos significativos em uma ampla gama de produtos, disponíveis apenas na internet. O evento rapidamente ganhou tração, se tornando um dos dias mais lucrativos para o comércio eletrônico nos EUA.

CYBER MONDAY NO BRASIL

A chegada da Cyber Monday no Brasil, no entanto, foi um pouco mais tardia e menos dramática. Com a popularização da internet e do e-commerce, os varejistas brasileiros começaram a adotar a data, adaptando-a à realidade local. Aqui, o evento não demorou a ganhar popularidade, especialmente entre aqueles que preferem evitar as multidões e o caos das lojas físicas durante a Black Friday.

Diferente dos EUA, onde a Cyber Monday ainda mantém uma distinção clara com a Black Friday, no Brasil, as fronteiras entre os dois eventos são mais fluidas. Muitas lojas brasileiras estendem suas promoções da Black Friday até a Cyber Monday, criando um longo fim de semana de descontos. Essa abordagem tem a vantagem de maximizar as vendas e oferecer aos consumidores mais tempo para aproveitar as ofertas.

A Cyber Monday brasileira também reflete as peculiaridades do mercado local. Por exemplo, enquanto nos EUA a ênfase é em tecnologia e eletrônicos, no Brasil, a diversidade de produtos em oferta é mais ampla, incluindo categorias como moda, beleza e até mesmo alimentos e bebidas.

Em termos de impacto econômico, a Cyber Monday vem se mostrando um fenômeno tanto nos EUA quanto no Brasil. Nos Estados Unidos, as vendas online neste dia frequentemente quebram recordes, refletindo a crescente preferência dos consumidores por compras online. No Brasil, embora as cifras sejam mais modestas se comparadas às americanas, o crescimento ano após ano é notável.

Renato Mota é jornalista, e cobre o setor de Tecnologia há mais de 15 anos. Já trabalhou nas redações do Jornal do Commercio, CanalTech, Olhar Digital e The BRIEF

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