Já ouvimos falar de ressignificação e requalificação de imóveis, mas nada se equipara à regeneração urbana que o maior distrito de inovação da América Latina, o Porto Digital, tem feito no Bairro do Recife. É através dele que o termo “regeneração urbana” ganha significado, não como quem traz vida a um lugar que já morreu – como sugere a revitalização, por exemplo, mas como quem transforma um território para, a partir dele, dar novas condições de prosperidade.
Claudio Marinho é engenheiro urbanista e conselheiro do Porto Digital, tem experiência em planejamento urbano na Prefeitura do Recife, quando foi iniciado o processo de revitalização do Centro do Recife, na época do prefeito Jarbas Vasconcellos. Para ele, o conceito é simples: tendo em vista a importância social, econômica e populacional de um lugar – nesse caso, o Bairro do Recife -, recria-se uma nova dinâmica urbana e econômico-social: “O Porto Digital regenera especialmente o Bairro do Recife, o centro que transborda para outros bairros, e gera uma nova economia. É uma reabilitação urbana.”
Segundo Marinho, a regeneração surge com a decadência urbana que levou a ideia da migração das atividades para bairros mais novos, como o de Boa Viagem, na Zona Sul da cidade, ocasionando o que se chama de esvaziamento decadente.
“O Porto Digital é portanto o projeto de regeneração urbana bem-sucedido, o que é uma raridade com várias iniciativas. Não há nenhuma com escala e abrangência como o que o Porto Digital fez no Centro Histórico do Recife”, pontua Marinho.
Ele ressalta ainda que regeneração urbana significa dizer que estamos gerando uma nova dinâmica econômico-social no centro do Recife com um segmento portador de futuro, que é a indústria de softwares. “Nossa escolha há 24 anos de um gerador de futuro foi acertada”, celebra a história do Porto Digital.
Mas não se restringe ao Porto Digital em si. Ao ser portador de futuro, o centro do Recife cresce, e não à toa possui 415 empresas de tecnologias e mais de 18 mil colaboradores em seu distrito. Segundo Marinho, isso acontece porque criam-se novos negócios e demandam novos serviços.
A prova disso são os mais de 100 bares, cafés e restaurantes situados no distrito, que podem ser acessados por meio de um guia interativo on-line criado pelo Porto Digital. “A maior parte não existiria se não fosse o Porto Digital e as pessoas que saem todos os dias para almoçar, tomar um café… Ao gerar serviços e ocupar prédios históricos, gera uma dinâmica econômica imobiliária de retrofitagem”, explica o engenheiro.
Aqui, retrofitagem é tida como a requalificação de um imóvel para um uso que não foi o seu objetivo original. O Porto Digital gera demanda para o Moendo na Laje, no Moinho, e para outros restaurantes nos Armazéns Portuários, por exemplo.
Ao todo, só o Núcleo de Gestão do Porto Digital retrofitou diretamente 30 mil m² – equivalente a tudo que já foi feito no Centro Histórico de São Luís ao longo do tempo.
“Esse transbordamento estimula os empresários a investir aqui. A mesma coisa pode-se dizer do Hotel Hilton, na Rua da Guia, e o estímulo ao projeto do Centro de Convenções e o Novotel. É o efeito indireto do Porto Digital, uma dinâmica gerada pela escolha acertada de um setor portador de futuro que cresce, gera empregos e renda”, defende Marinho.
Fruto da regeneração é a geração de receitas para a prefeitura da cidade do Recife, que mesmo com a redução de cinco pontos percentuais para 3%, é responsável pela 3ª maior arrecadação de ISS da prefeitura – perdendo apenas para saúde e construção civil.
Outro ponto é aportar em um lugar onde se tem “a melhor caminhabilidade de cinco minutos”. “Pelas condições próprias de um ambiente histórico, preservado, é possível chegar a qualquer um dos mais de 100 bares e restaurante no máximo em cinco minutos. A importância de estarmos aqui no pós-pandemia é a convivência e caminhabilidade que nos tornam humanos e recuperam a nossa condição de seres sociais”, finaliza Claudio Marinho.
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