Era 2019 quando Daniel Almeida e Hélio Peixoto, ambos do curso de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), decidiam empreender. Cinco anos depois, os sócios da startup Stepps, incubada durante nove meses no Porto Digital, distrito de inovação que é referência no Brasil, recebem R$ 5,5 milhões em investimento para levar o negócio “para qualquer lugar do mundo”, como dizem. O empreendimento é preventivo e usa Inteligência Artificial (IA) para identificar situações de risco no ambiente de trabalho em tempo real.
A ideia inicial de Daniel e Hélio pivotou – é o termo que utilizamos no mundo das startups para se referir à mudança de direção de um negócio, mantendo a base que já existia. No caso, os engenheiros já sabiam, desde a graduação, que atuariam com IA, dessa vez em análises estatísticas para indústria.
“Em 2024 a gente estreitou os laços com a Schmersal, que é um grande grupo alemão especialista e líder no mundo de serviços de segurança do trabalho, e começamos a entender que há muita sinergia entre o que ela fazia e a Stepps”, conta Daniel.
De um lado a Schmersal entregava décadas de experiência e um portfólio com mais de 20 mil produtos físicos de segurança, além da atuação em mais de 30 países do mundo inteiro com equipe distribuída por todos os continentes, enquanto a Stepps entregava uma visão de futuro com o uso de IA em processos industriais e segurança do trabalho.
“Unimos as duas coisas e hoje podemos oferecer esse combo de soluções em qualquer lugar do mundo, que passa por clientes como Mondelez, Valle e Gerdau”, lista o empreendedor.
Segundo Daniel, hoje o investimento é, além do dinheiro, muito focado em uma parceria global. “Estamos levando essas soluções que desenvolvemos ao longo desses anos no ecossistema do Porto Digital para o mundo todo”, comemora.
A Stepps na prática
Segundo a revista Exame, em 2022 foram registrado 612,9 mil acidentes no Brasil – uma média de um a cada 90 segundos, e 2.538 mortes durante o trabalho. A publicação divulgou ainda que “o gasto com um funcionário afastado é, em média, 50% maior do que o salário regular devido a despesas com tratamento, processos trabalhistas e a necessidade de contratar substitutos”.
Na prática, para diminuir essas estatísticas, os serviços da startup pernambucana são divididos em “três famílias de soluções”. A primeira é focada em seguranças do trabalho. Daniel explica que são desenvolvidas ferramentas para funções como monitoramento do uso correto de equipamentos de proteção individual (EPI’s), controle de acesso de pessoas em áreas restritas e detecção de proximidade de pessoas com veículos em movimento em áreas logísticas.
“É um conjunto de ferramentas focadas em seguranças do trabalho. A grande vantagem de ter a Schmersal como parceira é que a gente consegue vincular tudo que a gente tem de soluções com o portfólio amplo deles de produtos físicos, então a gente consegue atuar, por exemplo, fazendo intervenções físicas, como travar o funcionamento do equipamento, gerar alertas visuais e sonoros, além de alertas digitais, como e-mail ou mensagem direto para os gestores”, detalha.
A segunda família de solução é focada em análise de comportamento humano: “A gente consegue entender se os processos humanos e a interação de pessoas e equipamentos está sendo feita seguindo os procedimentos corretos para garantir segurança e performance adequada.”
Por fim, a terceira família monitora a qualidade dos produtos. “Essa família utiliza equipamentos como câmeras industriais de alto desempenho para poder fazer contagem do produto, medições de qualidade, detecção de defeitos, medição de volume, sistemas mais clássicos com esse tipo de finalidade”, explica.
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