Preocupação comum a todas as cidades, as mudanças climáticas têm exigido soluções cada vez mais urgentes. Com o Recife não é diferente, já que é uma das sete cidades brasileiras mais ameaçadas pelo aumento do nível do mar, de acordo com levantamento realizado pela Climate Centro. Ciente dessa realidade e conhecendo o histórico de alagamentos da capital pernambucana, a startup “Ih, alagou” – gerida por um estudante da Residência Tecnológica do Porto Digital – desenvolveu uma ferramenta capaz de ajudar a minimizar os impactos deste problema. Agora, o projeto está na fase final em dois editais de aceleração de startups.

Como startup do Porto Digital pretende transformar a gestão de alagamentos na cidade do Recife (Imagem: Arquivo Pessoal)

“O ‘Ih, alagou’ consiste num sistema com um dispositivo com eletrônica embarcada, que mede o nível dos rios e de alagamentos na cidade e envia essa informação para o nosso banco de dados, que disponibiliza a informação diretamente aos agentes interessados”, explica Lucas Leonides, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas no Senac e da Residência Tecnológica do Porto Digital. Com essa informação em mãos, a gestão pública tem autoridade para tomada de iniciativas urgentes de contenção de danos.

Além de Lucas, que é o gestor do projeto, integram o grupo as também estudantes de ADS no Senac e da Residência Maria Vitória e Gabriela Maia, que são desenvolvedoras Back e Front-end, respectivamente; Bruna Thamires, professora de Geografia e pesquisadora; e Lucas Quadros, estudante de Engenharia Eletrônica e desenvolvedor IOT.

Ideia promissora

Com o “Ih, alagou”, a equipe conquistou o primeiro lugar do Hacker Cidadão 11.0 – maratona de programação da Prefeitura do Recife realizado pela Empresa Municipal de Informática (Emprel), em julho de 2024, no Desafio 02: Sistema de Alerta e Resposta a Alagamentos, e faturaram R$ 10 mil, utilizados para dar continuidade ao desenvolvimento do projeto.

Eles também ficaram no topo do pódio na Maratona de Negócios do Sebrae e conquistaram o Prêmio Limcs de inovação durante a 11ª Semana Socioambiental da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

Constam nas conquistas da equipe também a menção honrosa com o resumo expandido “Desafios dos alagamentos e a invisibilidade das periferias em Recife: o impacto de uma maratona de programação”, durante a 3ª Conferência Aqua+; a parceria com o Hub Periférico para a implementação da POC (sigla em inglês para “proof of concept”, que significa prova de conceito); e a instalação do primeiro protótipo funcional no Espaço Ciência, em Olinda.

“Esse protótipo realiza o monitoramento do nível do Canal do Tacaruna. Nosso objetivo é implementar algumas provas de conceito junto a defesas civis interessadas para monitoramento do dispositivo durante o inverno”, explica Leonides.

Processo de aceleração

Atualmente a equipe está passando por dois programas de aceleração de startups: o BNDES Garagem e o Startup NE PE. Em ambos os casos, a submissão foi via edital.

“Na seleção do BNDES Garagem, mais de 1,5 mil startups se inscreveram. Passamos para a fase de entrevista, seguimos para o due diligence, veio o pitch e começamos o processo de aceleração junto a 50 startups”, detalha Lucas. “Na segunda fase, que foi a análise de desenvolvimento do plano de trabalho e apresentação do pitch, chegamos entre as 25 selecionadas para a fase final”, emenda.

No Startup NE PE, o processo também ocorreu via edital, com análise do pitch em vídeo e submissão de formulário. Passaram pelo processo de pré-aceleração e foram aprovados para a fase final de aceleração, após uma banca avaliar o projeto.

Para Lucas, a participação exitosa nesses editais impacta diretamente e positivamente nos negócios da “Ih, alagou”. “Com a participação nos programas, várias oportunidades se abriram, como algumas parcerias, conexões e a própria credibilidade para a nossa marca, já que somos uma startup recente, e essa validação agrega muito valor a ela”, finaliza. Com a participação nos programas de aceleração e o reconhecimento em maratonas de inovação, a “Ih, alagou” se coloca como uma possibilidade real de atender a uma demanda urbana que já é antiga.

Residência Tecnológica

“Ih, Alagou” é fruto da Residência Tecnológica do Porto Digital, mas você conhece esse programa? A iniciativa de formação especializada em tecnologia é desenvolvido pelo Porto Digital em parceria com instituições de ensino superior. Voltada para cursos de nível superior (tecnólogos de curta duração) na área de TI, a Residência Tecnológica é oferecida como uma disciplina obrigatória.

O programa é estruturado em cinco ciclos: o primeiro consiste em uma competição de ideação e prototipação, enquanto os ciclos seguintes proporcionam aos estudantes a oportunidade de trabalhar em projetos e desafios reais propostos por empresas parceiras, garantindo uma vivência prática e orientação personalizada.

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