No Brasil, o número de mulheres que trabalham em tecnologia aumentou este ano em relação ao ano passado. Apesar do crescimento, os homens ainda são maioria no setor. A mudança é lenta, mas está acontecendo. Esses são dados da pesquisa “Perfil das Mulheres em TI no Brasil” feita pela Serasa Experian.

O número de mulheres na área de tecnologia no país cresceu 4,6% em relação ao ano passado, passando de 69,8 mil para 73 mil profissionais, segundo o estudo. Apesar desse avanço, a presença ainda é baixa e corresponde a apenas 0,078% da população feminina a partir de 18 anos, frente a 0,07% em 2024.
Nesta quarta-feira (3), o programa NE1, da TV Globo, exibiu a participação de Mariana Piconvsky, diretora executiva do Porto Digital. Ela, que é também mãe e empresária, assume o controle do maior distrito de inovação do Brasil quando o presidente está ausente. Mas engana-se quem pensa que sua formação inicial foi na área de tecnologia.
“Eu tenho duas graduações, uma em Economia, outra na área de Moda. Eu tenho pós-graduação que também não é na área de tecnologia, passando por Ciência Política, meu mestrado em Engenharia de Produção e só no meu doutorado eu vim fazer na área de tecnologia,fiz Engenharia de Software”, conta a diretora.
Para Mariana, a formação acadêmica é imprescindível para o mercado da tecnologia, além de criatividade e resiliência. E o Porto Digital tem programas de formação para inclusão de diversos públicos.
“A gente precisa das mulheres, precisamos dos homens, precisamos da população LGBTQIAPN+. Pessoas com deficiências também são muito bem-vindas aqui dentro para a gente deixar esses times cada vez mais florais, cada vez mais diversos”, defende.
O Núcleo de Gestão do Porto Digital, por exemplo, é formado por aproximadamente 150 pessoas: mais da metade é mulher. “Mas quando falamos de todo o distrito de tecnologia e inovação aqui no Bairro do Recife, aí os números se aproximam mais da realidade desse mercado no Brasil, onde a maioria é homem”, explica Mariana.
Ainda de acordo com a pesquisa da Serasa Experian, Pernambuco é o terceiro estado do Nordeste e o 10º do país em número de mulheres na tecnologia. Um dos bons exemplos por aqui é o Pilar Universitário, também realizado pelo NGPD.
O programa oferece bolsas de estudos em parceria com o Senac para moradores da comunidade que fica no Bairro do Recife. “Quase 70% dos inscritos nesse programa, que já entra no seu terceiro ano, são mulheres. E a gente sabe que a mulher, quando ela se empodera financeiramente, tem esse cuidado de gastar o dinheiro com a educação, ela gasta o dinheiro com a família. Então, é uma mudança estrutural”, conta Gabriela Alencar, diretora de Comunicação e Marketing do Porto Digital.
Entre as funções de Gabriela, está a coordenação do REC’n’Play, movimento de inovação e tecnologia para quem atua na área e para quem tá fora dessa bolha também. A edição do ano passado teve muitas mulheres, tanto na plateia quanto na condução de palestras e formações.
“Quando você traz para um evento de inovação, se você comparar com outros, vai perceber que a gente tem uma presença feminina muito forte e isso é mostrado nos números. Quando a gente puxa nossas inscrições, a gente tem 50% aproximadamente de mulheres. Significa o quê? Que a gente tá conseguindo trabalhar esse imaginário coletivo feminino. Esse ambiente de inovação e tecnologia também é para você”, diz Gabriela.
Flávia Brito é CEO de uma empresa de cibersegurança, embarcada no Porto Digital, a BidWeb. Lá, as mulheres representam 41% da força de trabalho. “As empresas que possuem diversidade são muito mais produtivas e felizes, inclusive, né? Nós temos programas específicos para inclusão de mulheres que estão começando e com transição de carreira. Além disso, a gente também fortalece essa cultura internamente para que mulheres que estejam dentro da companhia possam liderar equipes”, conta.
Mariana Coutinho, por exemplo, entrou como estagiária e foi contratada. Ela se formou em Engenharia de Software no CESAR, na turma que tinha apenas cinco mulheres entre 30 alunos: “Acontece aos poucos, né? A gente não consegue virar o mundo de cabeça para baixo da noite para o dia, mas é um passo dentro da evolução. Eu vejo que isso atrai muito mais as meninas que estão querendo, pensando no futuro, as mulheres que nunca tiveram isso como uma possibilidade e agora estão vendo a tecnologia como uma área que elas podem transformar.”
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