Em mais um passo para a inclusão de pessoas autistas no mercado de tecnologia, a Specialisterne Brasil e o Porto Digital celebram a formação da primeira turma de profissionais autistas e do Nordeste. A cerimônia foi realizada nesta quinta-feira (17),no Porto Digital.

Recife forma primeira turma de profissionais autistas no setor de tecnologia do Nordeste (Imagem: PC Pereira/Porto Digital)

O objetivo da formação passa não apenas pelo conhecimento técnico, desenvolvimento de competências socioemocionais e estratégias de autogestão, mas, principalmente, pela retenção desses talentos pelo mercado de trabalho, a fim de criar um ecossistema de oportunidades e crescimento profissional.

Para Marcelo Franco, Diretor de Operações da Specialisterne no Nordeste, a neurodiversidade é uma vantagem competitiva e as pessoas autistas trazem formas únicas de pensar e resolver problemas.

“Contratar pessoas autistas não é apenas uma questão de inclusão — é uma oportunidade de enriquecer o ambiente de trabalho com perspectivas únicas, foco excepcional e uma sensibilidade apurada para detalhes que muitas vezes passam despercebidos. Na área de tecnologia, por exemplo, onde atenção aos detalhes e pensamento lógico são diferenciais, profissionais autistas trazem uma contribuição valiosa. Quando criamos espaços de trabalho mais empáticos e diversos, não só incluímos, como aprendemos a ver além do óbvio”, afirma Marcelo.

A iniciativa marca o início das operações da Specialisterne no Nordeste e simboliza um avanço significativo na inclusão profissional de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A primeira turma conta com 12 participantes – sete homens e cinco mulheres, com idades entre 23 e 37 anos – e foi capacitada ao longo de seis semanas em um programa híbrido, com aulas teóricas e práticas no Porto Digital.

Recife forma primeira turma de profissionais autistas no setor de tecnologia do Nordeste (Imagem: PC Pereira/Porto Digital)

Durante o curso, os participantes passaram por conteúdos técnicos como programação básica, Excel, gestão de projetos, teste de software, tratamento de dados e analytics, além de módulos comportamentais focados em conflitos e integração de equipes. O curso foi inteiramente custeado pela Specialisterne, que há quase 10 anos atua no Brasil, e hoje conta com sedes em São Paulo, Rio de Janeiro e agora, Recife. No Brasil, a empresa já proporcionou a capacitação e inclusão de 500 profissionais, com uma taxa de retenção de 88% após um ano de atividade. A expansão para o Nordeste é um movimento estratégico para ampliar ainda mais esse impacto.

Moradora de Olinda há 26 anos, Amélia César, de 33 anos, é uma das formandas desta primeira turma. Formada em Ciências Biológicas pela UFPE e finalizando o curso de Enfermagem, ela viu na formação uma chance de entrar em uma nova área com suporte real à neurodiversidade.

“Acompanhei o trabalho da Specialisterne por dois anos antes de participar e sempre sonhei com uma vivência profissional verdadeiramente inclusiva. Aqui, encontrei um ambiente que respeita nossas necessidades e potencialidades. Me encantei especialmente com o módulo de tratamento de dados, que tem tudo a ver com o que gosto. Já a parte de testes de software foi mais desafiadora, mas me fez crescer muito. Espero agora poder aplicar esse novo conhecimento, me aprofundar na área e, quem sabe, até integrar o que aprendi com a minha formação em saúde”, compartilha.

A formação da primeira turma de profissionais autistas também reforça o papel do Porto Digital como agente de transformação social por meio da tecnologia. “Acreditamos que inovação de verdade só acontece quando é acompanhada de diversidade. Apoiar a Specialisterne no Nordeste e sediar essa primeira formação é uma forma concreta de mostrarmos que o Porto Digital está comprometido em abrir caminhos para talentos que historicamente enfrentam barreiras no mercado de trabalho. Essa turma é só o começo de um futuro mais inclusivo e plural para o setor de tecnologia”, afirma Pierre Lucena, presidente do Porto Digital.

Recife forma primeira turma de profissionais autistas no setor de tecnologia do Nordeste (Imagem: PC Pereira/Porto Digital)

O evento foi uma oportunidade para empresas e instituições interessadas conhecerem de perto a proposta da Specialisterne e os talentos que agora estão prontos para o mercado. “Essa formatura convida as empresas a descobrirem novos olhares, novas ideias e o potencial de transformar o modo como se faz tecnologia”, comenta Marcelo Vitoriano, CEO da Specialisterne Brasil.

A Specialisterne já mantém diálogo com empresas interessadas em contratar os alunos desta primeira turma. Os participantes não selecionados para esta edição permanecem no banco de talentos da organização e poderão ser considerados para futuras oportunidades.

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