Promover a acessibilidade visual garantindo mais autonomia para pessoas cegas ou com baixa visão nos espaços do Recife. Foi desenvolvendo uma solução focada nessa problemática que o estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Senac Pernambuco e da Residência Tecnológica do Porto Digital, Deyvid Marques, foi um dos vencedores do Hacker Cidadão 13.0. Junto com a sua equipe, o NavegaVis, ele garantiu o primeiro lugar do eixo temático “Tecnologias assistivas para autonomia de pessoas cegas ou com baixa visão”.

Responsável pelo desenvolvimento técnico do projeto e pelo pitch, Deyvid explica que o desafio era desenvolver uma solução escalável, sustentável e economicamente viável para promover acessibilidade visual. Após entender o problema e constatar a dificuldade que pessoas cegas enfrentam para se locomover em ambientes internos desconhecidos, surgiu a ideia de desenvolver o produto.
“Pensamos em como usar tecnologias acessíveis e de baixo custo, como roteadores Wi-Fi já existentes, para resolver esse problema. Estudamos soluções usadas em outros países e adaptamos a técnica de localização por Wi-Fi, como fingerprinting e triangulação, à nossa realidade”, explicou Deyvid.
Mostrando acessibilidade real, a solução se destacou pelo baixo custo de implementação, já que não tem a necessidade de novos sensores físicos; o uso de tecnologias já disponíveis, já que praticamente todo e qualquer estabelecimento possui rede Wi-Fi; e a possibilidade de escalar rapidamente para qualquer ambiente.
Como a tecnologia funciona
O NavegaVis é uma solução de navegação indoor que utiliza sinais Wi-Fi já existentes nos estabelecimentos para guiar pessoas dentro dos ambientes. Através de um aplicativo no celular, ele identifica a localização do usuário com base na intensidade do sinal Wi-Fi (RSSI) e oferece orientações por voz para que o usuário se locomova com segurança dentro de espaços como escolas, hospitais e órgãos públicos.
Embora tenha sido pensada para atender pessoas cegas ou com baixa visão, a equipe percebeu que o projeto ainda pode beneficiar outro grupo de pessoas. “O nosso objetivo inicial é tornar a mobilidade mais acessível e intuitiva para todos, e isso inclui também idosos, visitantes em ambientes desconhecidos e qualquer pessoa que precise de orientação clara e segura”, acrescentou.
Na demonstração, a equipe apresentou um protótipo já funcional através dos celulares, com uma planta baixa de um hospital e instruções verbais capazes de guiar qualquer pessoa ao seu local de destino. “Também mostramos um plano técnico viável para implementação em espaços públicos e uma projeção de custo para os primeiros seis meses, com foco em impacto social, escalabilidade e sustentabilidade”, detalhou o estudante.
Para dar sequência ao projeto, a equipe pretende validar o protótipo com pessoas cegas em um ambiente real e, em paralelo, construir parcerias com os poderes público e privado e com instituições de acessibilidade para escalar a solução e transformá-la em uma política pública de navegação acessível nos espaços do Recife.
Experiência e aprendizado
Para Deyvid, além da conquista do primeiro, a participação no evento proporcionou uma série de aprendizados. “Durante os dias do hackathon, nos conectamos com várias pessoas diferentes, conseguimos coletar experiências diversas e aprendemos muito com todos os tipos de perfis de alunos que estiveram presentes”, disse.
Ainda segundo o estudante, participar de eventos de inovação como o Hacker Cidadão estimula a criatividade e proporciona todo o networking necessário que todo aluno em formação precisa ter. “Ganhar foi a confirmação de que estamos no caminho certo, desenvolvendo um projeto com aplicação real e que tem a possibilidade de mudar vidas.”
Integrantes do NavegaVis
– Daniela Menezes, UFAPE, responsável pelo desenvolvimento da estratégia de negócios e pelo pitch. (Negócio)
– Deyvid Marques, SENAC-PE e Residência Tecnológica do Porto Digital, responsável pelo desenvolvimento técnico do projeto e pelo pitch. (Desenvolvimento)
– Ivisson Pereira, UNINASSAU, responsável pelos testes. (Desenvolvimento)
– Lívia Clarissa, UFPE, responsável pela interface interativa e pelos cálculos para implementação. (Desenvolvimento)
– Luiz Eduardo, UNICAP, responsável por definir a viabilidade econômica e modelo de monetização. (Negócio)
– Pablo Vinicius, FAFIRE, responsável pela pesquisa de mercado e validação do problema. (Negócio)
Sobre o Hacker Cidadão
É um evento promovido pela Prefeitura do Recife, por meio Secretaria de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia e da Empresa Municipal de Informática (Emprel). A 13ª edição do evento foi realizada entre os dias 8 e 10 de maio, no Instituto de Ciência e Tecnologia do SENAC Pernambuco, no Bairro do Recife.
Com foco na construção colaborativa de soluções tecnológicas para desafios urbanos, a maratona propôs nesta edição quatro desafios estratégicos, conectados às pautas prioritárias da cidade e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):
– Saúde digital: Estratégias de monitoramento e apoio ao autocuidado de pessoas com hipertensão e/ou diabetes;
– Gestão de resíduos: Soluções para inibir o descarte irregular de resíduos sólidos urbanos;
– Segurança alimentar e economia circular: Tecnologias para reduzir o desperdício de alimentos e otimizar o reaproveitamento para populações em vulnerabilidade;
– Inclusão e acessibilidade: Tecnologias assistivas para autonomia de pessoas cegas ou com baixa visão.
Ao todo, foram distribuídos R$ 20 mil em premiações, sendo R$ 5 mil para a equipe vencedora de cada desafio.
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