Silvio Meira durante evento para marcar os dois anos do Marketing do Futuro
Silvio Meira apresenta conceito do Cisne Vermelho e o impacto das plataformas digitais (Crédito: PC Pereira/Porto Digital)

As transformações profundas e as rupturas no campo do marketing estiveram no centro do debate realizado no Porto Digital, marcando os dois anos do lançamento do Manifesto do Marketing do Futuro. Especialistas analisaram o impacto sísmico da Inteligência Artificial generativa e a crescente influência dos modelos de negócio e marketing da China e Ásia. A discussão reavaliou as práticas de mercado neste cenário cada vez mais figital e imprevisível, onde a ocorrência de eventos como o “Cisne Vermelho” – conceito desenvolvido por Silvio Meira e apresentado no encontro – redefine a estratégia e a necessidade de adaptação contínua.

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O Manifesto, coescrito por Silvio Meira – cientista-chefe da TDS Company e presidente do Conselho de Administração do Porto Digital – e Rosário Pompeia, fundadora da LeFil Company, nasceu de um incômodo e debates sobre por que o marketing não estava gerando resultados. “O processo foi quase uma terapia para entender o que estava acontecendo”, brincou Rosário, mediadora do evento. O documento apontou sinais polêmicos e criticou práticas legadas. A necessidade de uma solução prática levou à criação da Teoria AEIOU.

“O Manifesto defende que tudo são fluxos no espaço figital e o futuro é de redes e narrativas e não de comunicação e propaganda”, indicou Silvio Meira. A teoria foca em mercados habilitados por plataformas e efeitos de rede, tratando “conexões de relacionamentos interações em tempo quase real”.

Cisne Vermelho

Um dos conceitos apresentados foi o Cisne Vermelho, distinto do Cisne Negro por ser um evento “sistêmico, de impacto irreversível, invisível à racionalidade vigente” e “epistemicamente de ruptura”. “São sinais fracos, ignorados que rompem os modelos preditivos dominantes”, alertou Silvio Meira.

“O Manifesto defende que tudo são fluxos no espaço figital e o futuro é de redes e narrativas e não de comunicação e propaganda”, indicou Silvio Meira. A teoria foca em mercados habilitados por plataformas e efeitos de rede, tratando “conexões de relacionamentos interações em tempo quase real”.

O termo “cisne negro”, popularizado pelo livro The Black Swan, de Nassim Taleb, refere-se a eventos raros, imprevisíveis e de grande impacto, que depois de ocorridos parecem mais previsíveis do que realmente eram. A expressão vem da antiga crença europeia de que todos os cisnes eram brancos, até a descoberta de um cisne negro na Austrália em 1697. Taleb argumenta que vivemos em um mundo fundamentalmente incerto e que devemos aprender a lidar com o inesperado, aceitando que esses eventos extraordinários inevitavelmente ocorrerão.

A Inteligência Artificial generativa, especialmente a partir de 2023, foi citada como um exemplo dramático de Cisne Vermelho. Eduardo Gouveia, ex-presidente de grandes empresas de consumo e varejo como Cielo e Alelo, expressou o “susto” diante da revolução da IA: “Você não precisa mais de profissionais de agência para fazer um vídeo, já dá para fazer com ferramentas de inteligência artificial”, apontou

Silvio Meira abordou a IA como uma “nova caneta” ou “habilitador de seres humanos” capaz de aumentar a performance e eficiência em diversas profissões. No entanto, ele também levantou a questão da criatividade, alertando que modelos avançados podem gerar “criações não criativas” ou “vazios criativos”.

Impacto da China

A crescente influência da China e da Ásia nos negócios e no marketing foi um dos temas centrais e mais instigantes do debate. Adriana Salles – jornalista da MIT Sloan Management Review Brasil e editora da CKGSB Knowledge no Brasil, ao abordar o tema, ressaltou a necessidade urgente de aprender profundamente sobre a China e sua maneira única de operar. Para Adriana, a questão de relacionamentos é crucial na cultura de negócios chinesa e valores ocidentais como a visibilidade não são a primeira questão. “Negociação e, principalmente, os relacionamentos, vêm antes”, disse.

Eduardo Gouveia descreveu a chegada da influência chinesa como uma “avalanche”. “Mesmo as empresas de grande sucesso precisam entrar nesse processo agora e se posicionar ou a gente vai ter um problema muito sério de sobrevivência a longo prazo”, apontou.

As discussões reforçaram que o cenário exige adaptação contínua, pensamento crítico e uma nova forma de fazer marketing, mais conectada à estratégia de negócio e às complexas dinâmicas do mundo figital e habilitado por IA.

Ferramentas para o Marketing do Futuro

Em resposta aos desafios práticos identificados no dia a dia da área, Socorro Macedo, sócia da Le Fil, apresentou as plataformas de marketing desenvolvidas pela empresa, concebidas para resolver “dores” e otimizar o trabalho dos profissionais. “Essas são plataformas nativas pensadas para o marketing, diferente de soluções genéricas adaptadas”, pontuou.

As ferramentas foram detalhadas como soluções baseadas na experiência e nos métodos da Le Fil. Entre elas, destacou-se a plataforma Creator, criada para auxiliar na criação de conteúdo e mitigar a frustração de investir tempo sem ver resultados efetivos.

Outro ponto reforçado por Macedo foi a Escola de Marketing do Futuro, sediada no Porto Digital. Segundo Macedo, é o espaço para vivenciar e aprender a aplicar os métodos do Marketing do Futuro e experimentar plataformas especializadas.

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