Recife há muito tempo encanta por sua rica história e beleza cultural. No entanto, o que muitos talvez não saibam é que, por trás dos casarões coloniais e pontes históricas, pulsa um dos mais dinâmicos e promissores centros de inovação do Brasil: o Porto Digital e todo o seu ecossistema de startups de Recife. Dados divulgados, nesta quinta-feira (12), pelo Global Startup Ecosystem Report (GSER) 2025 da Startup Genome, confirmam o papel de destaque da cidade, que aparece entre os 15 principais ecossistemas da América Latina.
O ecossistema da capital pernambucana é apresentado como um caso de sucesso no relatório na América Latina, ao lado de São Paulo, Cidade do México, Córdoba e Florianópolis. O case recifense é evidenciado pelo título “Leveraging rich cultural history to build a thriving innovation ecosystem in Recife” (Aproveitando a rica história cultural para construir um ecossistema de inovação próspero no Recife, em tradução livre).
“Esse relatório é um testamento sobre o papel do Porto Digital na sociedade e economia brasileira, além de apontar nossa experiência como um case que serve de exemplo para outros ambientes de inovação tanto no Brasil quanto fora”, aponta o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena.
Se, 30 anos atrás, você fosse adivinhar qual parte do Brasil se tornaria um polo líder de startups e inovação, provavelmente não teria apostado no Recife. Mas você estaria errado.
Global Startup Ecosystem Report 2025
Porto Digital: centro da inovação
A notável ascensão do ecossistema de startups de Recife está intrinsecamente ligada à criação do Porto Digital. Em 2000, uma iniciativa visionária uniu setores público e privado e universidades locais para revitalizar o centro histórico da cidade, antes abandonado, transformando seus edifícios em um vibrante parque tecnológico – e, hoje, o distrito de inovação referência no país.
“Nas décadas seguintes, ele se tornou não apenas um centro geográfico, mas também o coração espiritual do próspero ecossistema de inovação do Recife e um modelo para a revitalização urbana fundada na união entre inovação e cultura”, indica o estudo.
Crescimento, talentos e negócios
A estratégia de focar na formação e retenção de talentos tem sido fundamental para o desenvolvimento do ecossistema de startups de Recife. A cidade se destaca por ter mais estudantes em universidades e cursos de TI do que qualquer outra no Brasil, com 650 em cada 100 mil habitantes, e 40 das 475 empresas do Porto Digital colaborando com cursos de TI. Essa abordagem visa incentivar os jovens a permanecerem na cidade, criando oportunidades locais e evitando a migração para outros centros
Entre 2020 e 2024, o financiamento em estágio inicial no Recife teve um crescimento impressionante de 1.534%. Esse salto foi impulsionado por rodadas de investimento significativas, como os US$ 32 milhões captados pela startup de software médico Amigo Tech em 2024. Startups locais como a Tallos, especializada em chatbots, a Ti Saúde, também do setor de saúde, e a Neurotech, de inteligência artificial, são exemplos de sucesso que atraem novos empreendimentos e capital para o ecossistema.
O REC’n’Play, maior festival gratuito de tecnologia, inovação e cultura do Brasil, foi outro ponto levantado pela publicação. O Carnaval do Conhecimento, como também é conhecido, “abre a cidade para visitantes globais” e os conecta com a cena de inovação local.
Do Recife para o mundo
“Eu vi o mundo… e ele começava no Recife”. A frase de Cícero Dias, artista pernambucano imortalizado nas suas obras, reproduz o que o documento traz como reflexão: o ecossistema de startups do Recife não apenas floresce internamente, mas também busca expandir sua influência global.
Em outubro de 2024, o Porto Digital inaugurou sua primeira unidade fora do país, na Europa. O hub em Portugal serve como uma ponte para startups e empresas brasileiras que buscam conquistar novos mercados e internacionalizar seus negócios – e isso com apoio do Porto Digital e seus 25 anos de história.
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