Em um movimento estratégico para a defesa da soberania digital, o CISSA, Centro de Competência Embrapii em Segurança Cibernética operado pelo CESAR, e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) anunciaram uma parceria inédita. O objetivo é liderar o desenvolvimento de pesquisas em criptografia pós-quântica (CPQ). Esta iniciativa posiciona o país na vanguarda da segurança cibernética, antecipando as ameaças que surgirão com a chegada da computação quântica.

A aliança foca no desenvolvimento da criptografia pós-quântica no Brasil como uma medida proativa essencial, mitigando riscos futuros à segurança de dados governamentais, empresariais e civis.

Risco do “Decrypt Later”

A computação quântica, embora ainda em fase de desenvolvimento, representa um risco existencial para os padrões de segurança digital atuais. Especialistas alertam que computadores quânticos terão a capacidade de quebrar os algoritmos de criptografia que usamos hoje em questão de minutos.

Isso expõe o Brasil ao risco conhecido como “Harvest Now, Decrypt Later” (Coletar agora, Decifrar depois). Neste cenário, dados sigilosos são roubados e armazenados hoje por agentes mal-intencionados, com a intenção de decifrá-los assim que a tecnologia quântica estiver disponível.

Aliança estratégica

A parceria une a expertise de inteligência da ABIN ao ecossistema de inovação de ponta do CESAR, materializado pelo CISSA.

“Nossa missão no CESAR é usar conhecimento para resolver os desafios mais complexos da sociedade, e a segurança pós-quântica é um desses desafios”, destaca Georgia Barbosa, Gerente Executiva do CISSA. “Esta colaboração com a ABIN materializa nosso propósito, posicionando o Brasil não como um seguidor, mas como um protagonista na construção de um futuro digital seguro.”

Vanderson Rocha, Diretor do CEPESC (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações da ABIN), reforça a visão estratégica. “Estamos construindo as bases para proteger a infraestrutura de dados do Brasil contra as ameaças mais sofisticadas que estão por vir”, afirma.

Desafio técnico

O primeiro acordo celebrado entre as instituições terá duração inicial de 18 meses. Pesquisadores do CEPESC/ABIN e especialistas do CISSA focarão em um desafio crucial: a otimização dos algoritmos pós-quânticos.

Embora os algoritmos de CPQ sejam considerados seguros contra ataques quânticos, sua implementação prática ainda enfrenta barreiras.

“Eles exigem mais poder de processamento e energia, o que pode criar gargalos em sistemas legados, especialmente redes industriais e infraestruturas críticas”, explica Fábio Maia, Pesquisador-Chefe do CISSA. “Nossa pesquisa conjunta com a ABIN buscará refinar esses algoritmos para torná-los viáveis e eficientes, garantindo uma transição segura e sem vulnerabilidades para os sistemas governamentais.”

Esta aliança não apenas fortalece a autonomia tecnológica do Brasil, mas também consolida o CISSA e o CESAR, sediado no Porto Digital, como atores centrais na agenda de defesa e soberania nacional. O CESAR, com quase 30 anos de atuação, é hoje o mais completo centro de inovação e conhecimento do Brasil, referência no desenvolvimento de soluções tecnológicas de alta complexidade.

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