
Enquanto Belém sedia a histórica COP30, o maior evento sobre clima do planeta, um desafio complexo opera nos bastidores: garantir a mobilidade e a segurança de dezenas de Chefes de Estado e milhares de participantes em uma cidade cuja infraestrutura não foi projetada para tal magnitude.
A logística da COP30 em Belém é o maior desafio operacional do evento. Para evitar o caos, a Sabatech, uma startup pernambucana de estudos de transportes, está usando microssimulação de tráfego para criar um “gêmeo digital” do trânsito da capital paraense.
“Não estamos apenas gerenciando o trânsito; estamos prevendo o futuro dele”, explica Cecília Sabat, líder da startup. “Testamos o impacto de milhares de carros de aplicativo e dezenas de comitivas antes que eles cheguem às ruas. É um laboratório virtual para evitar entraves de deslocamento reais.”
O desafio dos navios-hotéis

Realizada de 11 até 21 de novembro de 2025, a 30ª Conferência da ONU (COP30) coloca a Amazônia no centro do debate climático. Contudo, a capital paraense enfrenta desafios logísticos inéditos, como a falta de leitos hoteleiros. A solução? Navios de cruzeiro atracados no Porto de Outeiro servirão como hotéis flutuantes.
Essa adaptação gerou um novo gargalo de tráfego. “A solução dos navios-hotéis foi criativa para a hospedagem, mas criou um desafio de logística urbana”, detalha Cecília. “Estamos, essencialmente, transformando um porto de cargas em um polo hoteleiro da noite para o dia.”
Para garantir que a área interna do porto iria conseguir acomodar a demanda de fluxo gerada pelo uso inusitado de suas instalações e que os esquemas de circulação e áreas de embarque/desembarque de hóspedes seriam eficientes, a Sabatech utilizou modelos matemáticos que simulam os tempos associados a essas atividades, gerando indicadores de desempenho da rede.
Segurança de comitivas e fluxo de público
O estudo da startup vai além do Porto de Outeiro e foca em outros dois pontos vitais para o sucesso do evento:
- Segurança dos Chefes de Estado: o primeiro é a segurança das delegações presidenciais. “Em um evento como a COP30, o ‘tempo parado’ de um Chefe de Estado não é um mero inconveniente, é uma falha de segurança”, pontua Cecília Sabat. O modelo matemático busca “blindar” essas rotas logisticamente, garantindo que o tempo de deslocamento dos comboios seja previsível e gerenciável.
- Fluxo de público (Ônibus/Apps/Táxi): o segundo é o fluxo massivo de participantes via linhas especiais de ônibus implantadas especialmente para a COP 30, táxis e aplicativos, que pode “travar” a região. A simulação investiga se as áreas de embarque e desembarque projetadas pela comissão organizadora do evento serão suficientes e contarão com operacionalização eficiente para evitar congestionamentos.

Comments are closed, but trackbacks and pingbacks are open.