A corrida pela supremacia em Inteligência Artificial (IA) tem se intensificado nos últimos anos, com gigantes da tecnologia investindo pesadamente em inovação e pesquisa. Nesse cenário competitivo, a Microsoft tem se destacado, assumindo uma posição de liderança que não experimenta desde o surgimento do Windows e do Internet Explorer – que merece ser examinada com atenção.
O setor tecnológico tem experimentado uma onda de expectativas em torno da IA generativa. Segundo informações do Business Insider, a promessa de uma corrida do ouro impulsionada pela IA tem gerado grande entusiasmo, mas a concretização desse potencial em crescimento de receita tem sido um desafio para muitos provedores de serviços em nuvem. Contudo, a Microsoft tem se destacado como uma exceção notável, registrando um crescimento significativo em suas vendas provenientes da IA generativa.
Para medir isso, temos que analisar os resultados das operações na nuvem das empresas no último trimestre. A Inteligência Artificial generativa é um negócio que faz uso intensivo de dados, e a maneira mais rápida e fácil de aumentar o poder de processamento é por meio da computação em nuvem – mercado em que a Microsoft ocupa o segundo lugar.
RESPOSTA NAS NUVENS
Ao analisar o desempenho dos principais provedores de serviços em nuvem no último trimestre, percebe-se que a Microsoft tem se mantido à frente de seus concorrentes: o Azure cresceu 29% (contra 26% do trimestre anterior) e 3% disso foi atribuído à IA generativa.
Ao mesmo tempo, a receita da unidade Intelligent Cloud aumentou 19% no mesmo período, auxiliada por uma parceria com a Oracle. Este movimento tem atraído a atenção de Wall Street e pode sinalizar uma nova era de domínio para a gigante da tecnologia.
As iniciativas de IA da Microsoft impulsionaram suas ações este ano, atingindo um recorde de US$ 366,78 em julho. No entanto, as ações recuaram, sendo negociadas abaixo de US$ 310 em setembro, mas os resultados do trimestre fizeram o preço das ações da Microsoft subir cerca de 4%.
No geral, a empresa teve vendas de US$ 56,5 bilhões nos três meses encerrados em setembro, um aumento de 13% em relação ao ano anterior, com um lucro de US$ 22,3 bilhões (aumento de 27%), acima das expectativas dos analistas e das próprias estimativas da Microsoft.
Ferramentas inovadoras, como o Microsoft 365 Copilot, desenvolvido em colaboração com a startup OpenAI, conhecida por desenvolver o chatbot ChatGPT, têm sido fundamentais para esse progresso. Segundo o Tech Brew, a big tech tem integrado a tecnologia em sua plataforma Azure, oferecendo uma gama de ferramentas de IA como um diferencial para conquistar novos clientes. A Microsoft já havia investido na OpenAI em 2019 e 2021, e agora detém uma participação de 49% na startup.
DINHEIRO QUE É BOM…
O grande teste para a Microsoft ocorrerá no próximo ano, quando a empresa revelará um arsenal mais extenso de produtos de IA generativa. A Microsoft planeja tirar seus produtos Copilot de testes beta, oferecendo aos clientes tecnologias mais poderosas para operar um negócio, incluindo versões equipadas com IA de ferramentas amplamente utilizadas, como Word, Excel, PowerPoint, Outlook e Teams.
Porém, o caminho para a monetização dessa tecnologia é complexo e desafiador. Analistas indicam que a incerteza econômica global e a falta de compreensão clara sobre a aplicação prática da IA têm causado hesitação em investimentos significativos na área.
Vejamos o caso da Google. Enquanto ambas as rivais têm mostrado um comprometimento com o desenvolvimento da IA, a Microsoft parece estar colhendo melhores frutos, já que apresentou um um crescimento de 24% ano a ano em seu negócio de nuvem, que inclui os serviços Azure OpenAI. Por outro lado, o Google enfrentou o seu menor crescimento dos últimos 11 trimestres para seu negócio de nuvem.
CORRIDA DE RECUPERAÇÃO
A liderança da Microsoft na corrida da IA é emblemática de uma estratégia bem articulada e um investimento visionário. Ao integrar tecnologias de IA em sua plataforma de nuvem e lançar ferramentas inovadoras, a Microsoft não está apenas capitalizando uma tendência, mas também influenciando a direção futura da IA.
Claro que a concorrência de Amazon, Google, Adobe, Oracle e Salesforce vai chegar com força. Contudo, a Microsoft possui uma vantagem significativa: uma enorme base instalada de usuários, incluindo 1,2 bilhão de usuários do Office em todo o mundo. O GitHub Copilot, voltado para desenvolvedores, resultou em uma melhoria de cerca de 35% na eficiência para esses profissionais. O produto pode reescrever e melhorar o código em menos de 90 segundos. Isso chama a atenção de qualquer pessoa.
Em um mundo onde a tecnologia e a inovação continuam a evoluir a um ritmo acelerado, a abordagem proativa e estratégica da Microsoft em relação à IA posiciona a empresa como uma líder incontestável, pavimentando o caminho para oportunidades inovadoras e definindo padrões para o futuro da indústria.
Renato Mota é jornalista, e cobre o setor de Tecnologia há mais de 15 anos. Já trabalhou nas redações do Jornal do Commercio, CanalTech, Olhar Digital e The BRIEF
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