Marcelo Falcão vive o ápice da maturidade. Não se acha menos rebelde. Crê que agora dá menos tiros, mas eles são mais assertivos. Faz questão de propagar a vida em comunidade, o coletivo, e se diz com a mesma vontade de realizar o seu máximo. Talvez a pandemia do coronavírus, enfrentada no mundo todo e que afetou de maneira particular os artistas, tenha uma parcela sobre esse Marcelo de hoje.
Naquela época, em meados de julho de 2020, com aglomerações e show proibidos em função do risco sanitário, Falcão usava a tecnologia ao seu favor, promovia lives no seu canal de Youtube, gravando dos palcos da Fundição Progresso, com show intitulado “Loucos para voltar”. Era a sua segunda apresentação em lives.
Ao mesmo tempo, falava da necessidade de se conectar com seu público em meio à pandemia e ajudar aqueles que estavam longe ou perto. Sua primeira apresentação neste formato foi no dia 13 de maio e alcançou a primeira posição nos Trend Topics do Twitter Brasil, chegando a ter quatro hashtags no TOP 10.
Marcelo Falcão parece feliz consigo mesmo e suas conquistas e encantou a plateia do REC’n’Play com seu papo humanizado, de alguém que reagiu às pressões mercadológicas e pessoais para seguir o caminho que acreditava, a música que lhe agradava e agradava aos seus parceiros musicais. “Eu prefiro errar aos olhos do mercado e acertar comigo, eu estou certo comigo”, afirma.
Entre elas, uma grande conquista recente: Marcelo ganhou em 2022 dois prêmios Los Angeles International Music Video Festival com o curta-metragem “Céu aberto”, nas categorias videoclipes internacionais, vencendo como Melhor Narrativa e Melhor Música. O trabalho foi desenvolvido com a Hungria Hip Hop. No enredo do filme, um menino que mora na favela e tem o sonho de ser jogador de futebol. Com imagens do Alto do Vidigal no Rio de Janeiro, Falcão faz a narração inicial.
“Neste lugar os sonhos giram igual uma roda. Todo dia nasce um novo por aqui, mas eles dizem que você nunca vai conseguir, que você nunca vai ter seu lugar. Isso é o que eles dizem, mas, a gente? A gente continua sonhando.”
A narrativa parece a filosofia de vida de Marcelo Falcão. No REC’n’Play ele deu seu tom, foi generoso na partilha de sua trajetória de vida desde quando descobriu o violão na casa do seu tio e se encantou pelos acordes. E mostrou como e por que ele continua sonhando que outros jovens sejam ousados, curiosos, criativos, empáticos. E que as pessoas pensem mais no simples para solucionar suas dúvidas e buscar o sucesso que esperam. O curta é embalado pelo hit Vitória.
Feita em parceria com Kevin Ribas, Gabriel Cunha e o pernambucano Lula Queiroga, Vitória trata dos sonhos e das realizações impossíveis no dia a dia. Com Vitória, Marcelo foi destacado como a melhor voz entre 40 de todo o mundo.
Em entrevista concedida à Universal Music, ele falava de Queiroga dizendo “Não conseguia pensar em nada a não ser uma música junto com Lula Queiroga sobre uma história tão forte de superação, sobre acreditar que é como a minha vida, o meu dia a dia, minha vida com a família, que não nos deixa esmorecer. Acreditar sempre e não desacreditar que apenas se as coisas forem positivas que elas vêm para somar na nossa vida pessoal”.
É Marcelo sendo, como sempre, autêntico, e deixando o Recife inspirado com notas do seu talento.
Continuação da série VOZES DO REC’N’PLAY com Marcelo Falcão
O visionário que prega o simples
“O ‘tamo junto’ é para colocar na prática”, diz Marcelo Falcão
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Silvia Bessa é jornalista. Gosta de revelar histórias que se escondem na simplicidade do cotidiano. Venceu três vezes o Prêmio Esso e tem quatro livros publicados
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