Por Silvia Bessa

“Nunca se intimide com aquele talento que tem dentro de você”, diz Marcelo Falcão – Crédito: Vicktor Feitosa

Quando visita a casa dos amigos, Marcelo Falcão sempre é convidado a tocar. Além de entoar as notas musicais, gosta de deixar as crianças da casa brincarem com instrumentos, terem acesso e experimentarem algo novo. Curiosidade é para ser estimulada.

Se o menino do bairro gosta de futebol, incentive-o; se demonstra interesse em outra área qualquer, que seja apoiado. Assim Marcelo fala sobre a ousadia. “Acho que já é uma maneira de abrir o leque para que não fique só naquele convencional, de uma criação ou numa criatividade normal”, afirma, tecendo teorias que poderiam ser relacionadas à versatilidade e ao aproveitamento de talentos.  

O mais importante é ter uma ideia e seguir em frente, diz ele, quando comenta sobre a quebra de barreiras, de expectativas padrões do seu entorno e de inovação na vida. “Nunca se intimide com aquele talento que tem dentro de você”, recomenda o músico, que tem uma história de vida de empreendedorismo naquilo que acredita e com o que se identifica.

“Todo mundo é especial; o que a pessoa precisa é se descobrir” – Crédito: Vicktor Feitosa

Do jeito dele – linguagem jovem, eloquente e sem formalidades -, está falando sobre autoconfiança. Marcelo Falcão foi uma das atrações mais esperadas no Festival REC’n’Play 2023, em outubro passado. O evento foi realizado pelo Porto Digital, Ampla Comunicação e Sebrae – além de contar com inúmeros parceiros – e Marcelo se confirmou como uma das vozes mais potentes ouvidas pelas 60 mil pessoas inscritas no Carnaval do Conhecimento, ocupando o Bairro do Recife com atrações locais e nacionais. 

Por onde começar? “O começar muitas vezes vem de uma ideia que surge em conversa com um amigo, por exemplo”. É “botar para frente, seja para escrever, contar uma história de vida, fazer um cordel ou cultivar o interesse por um equipamento”. Porque, frisa ele, “todo mundo é especial; o que a pessoa precisa é se descobrir”. 

O engajamento e as falas de Marcelo Falcão, frutos de uma rica trajetória de vida e profissional, são compostos por palavras a serem aplicadas no meio corporativo. Marcelo defende que a mistura entre as pessoas vá muito além da retórica. “O tamo junto é para colocar na prática”. Nesse caso, parece teorizar sobre collabs.

Quando Marcelo Falcão comenta sobre tecnologia, uso do computador e experiências de mixagens musicais, ressalta que ela (a música) sempre vai precisar de alguém para tocar um teclado e para fazer melhor o b2b (back to back). Para ele, o ser humano é o centro de tudo e disso não se pode esquecer. “Que a pessoa tenha a melhor mesa de som, o melhor equipamento fotográfico, mas que ela nunca esqueça a base, que é o simples: a ideia”, frisa.

Marcelo Falcão durante bate-papo no REC’n’Play – Crédito: Vicktor Feitosa

Marcelo Falcão reitera a necessidade de incentivos e apoios sobretudo para quem não tem acesso a oportunidades, recursos ou bens de consumo. Como um instrumento ou até um computador, uma bateria que seja de alguém que não usa mais e que será de grande serventia para outra pessoa.

Aqui, é Marcelo falando do seu jeito sobre oportunidade – componente fundamental para o crescimento pessoal de qualquer cidadão, sobretudo os menos favorecidos e periféricos. Porque, afirma, “não custa nada a gente oferecer ao outro um pouquinho do nosso espaço, do nosso tempo e ter empatia, se doar um pouco”.

É fazer o bem, estar junto de alguém ou alimentar a ideia de outro que esteja precisando. Às vezes, lembra ele, uma novidade bacana não rola porque a pessoa está do lado de quem não faz com que não aconteça, que tenha uma vibração ruim. “Ronaldinho mesmo mostrou ao mundo como é jogar bola, como é jogar futebol. Então, acho que temos de comungar mesmo”.

Continuação da série VOZES DO REC’N’PLAY com Marcelo Falcão

O visionário que prega o simples

O sonho de Marcelo Falcão é o do apoio e incentivo ao outro

CONFIRA A CONVERSA COM MARCELO FALCÃO:

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Silvia Bessa é jornalista. Gosta de revelar histórias que se escondem na simplicidade do cotidiano. Venceu três vezes o Prêmio Esso e tem quatro livros publicados

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