Uma plateia atenta aos recados de empreendedorismo, inovação, sustentabilidade e “artivismo” lotou o Cinema do Porto para conferir a palestra da pernambucana Domitila Barros. Modelo, influenciadora social e digital, miss Alemanha, ex-BBB, cantora, apresentadora, atriz… Para essas múltiplas funções exercidas, ela dá o nome de artivismo.
“Nasci no Morro da Conceição, bem no pé da santa (N.Sra. da Conceição) e fui criada em Linha do Tiro, na periferia do Recife. Comecei minha jornada de transformação aos 13 anos, depois de perder uma amiga que foi baleada. Naquele momento, vi que precisava ser a protagonista da minha própria história”, contou Domitila Barros, curadora e uma das atrações confirmadas do REC’n’Play 2023.
A partir dali, Domi (como pediu para ser chamada pela plateia) atuou como contadora de histórias e alfabetizadora numa ONG formada pela família, o Centro de Atendimento a Meninos e Meninas (CAMM), lá mesmo em Linha do Tiro.
Sua atuação como educadora chamou a atenção da Unesco, que a escolheu para receber o Prêmio “Sonhadora do Milênio”, concedido em 2000. Foi nesse mesmo ano que ouviu o termo que passou a se definir: ativista com arte, ou melhor “artivista”. Desde então, conquistou diversas oportunidades, chegando até uma bolsa para viver e estudar na Alemanha.
“Defendi minha dissertação em quatro idiomas, não porque era obrigatório, mas para que eu conseguisse atingir mais pessoas no mundo. Foi com esse propósito que fiz minha jornada. Para que cada vez mais gente conhecesse de onde eu vim e quais são os problemas de quem é da periferia como eu”, revelou ela.
Nessa jornada, ela alcançou grandes feitos: foi eleita Miss Alemanha (a primeira negra e imigrante da história do concurso) em 2022; participou do reality show de maior audiência no Brasil; recebeu o prêmio em Cannes como “influenciadora global – 2023”, na categoria sustentabilidade (World Influencers Association), entre outros reconhecimentos.
Sua mensagem vem alcançando cada vez mais público. Mas toda essa audiência, para Domi, não seria nada sem o poder da conectividade. “Cada um de nós precisa de conexões para chegar mais longe. Se juntem, procurem quem pode ajudar. Esse é o poder da conectividade”.
Para o encerramento da palestra, ela visualizou o que seria seu mundo ideal: “Eu sonho com o dia que a gente não seja um produto de exportação. Que não precise sair do País para ser valorizada”.
Rodrigo Coutinho é jornalista e editor do Jornal Digital
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